Sou de Risco e de Sorte!

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- Nandinho, peguei o "covirde". Veja o meu exame!

Recebi essa mensagem de meu grande amigo e quase irmão, pelo Whats App, uma semana após ter estado com ele em sua casa. Foi em um sábado e almoçamos um vatapá de bacalhau delicioso, feito por ele. É ótimo cozinheiro e sempre me convida quando estou na cidade.

Liguei de imediato para saber como estava ele:

-Fala Huguinho, que coisa, hein! Você está bem?

-Estou sim. Começou como uma gripe, corpo ruim, nariz escorrendo, febre, enfim passei uns três a quatro dias assim. Fiz o exame com a patroa pela empresa e deu positivo em mim, mas nela não, ainda bem. Estou agora medicado e em isolamento.

-Que bom! Estivemos juntos e você já estava com o "covirde" incubado naquele sábado que almocei na sua casa, não? Será que eu peguei? Hoje faz uns dez dias do nosso encontro, mas estou sem sintomas.

-Seria bom fazer o teste, por precaução, né? Você viu que a gente morre pela boca, como peixe, eu dizendo que era uma gripezinha e peguei.

Quando conversei com o meu amigo, estávamos, coincidentemente, em Porto Alegre para que a minha mulher fizesse os exames de rotina junto aos seus médicos. E eu também, pois há um plano de saúde lá muito bom e barato: paga-se a anuidade de R$ 100,00 (cem reais) e já se pode fazer uma consulta com um clínico geral ou com qualquer especialista. Foi o que fiz e realizei os exames de sangue para um check up, incluindo o do "covirde".

Fiquei preocupado, pois no início deste ano, em meados de março, antes de ser declarada pandemia, estive em uma feira de revestimentos cerâmicos em São Paulo, em que havia alta concentração de estrangeiros italianos, espanhóis e chineses e nada do uso de máscaras e afastamento ainda. Dois chineses caminhavam pelo corredor da feira, à minha frente e comentei com um colega de trabalho: "olha ali os COVID's, bem a nossa frente"!

Depois da feira voltei para Florianópolis bem resfriado, achando que estava com a bendita da doença, contaminado na feira. Minha mulher foi me buscar no aeroporto e ao me encontrar, pareci-lhe um extraterrestre: olhou-me de olhos arregalados e espantada, mantendo distância e sem qualquer contato por quinze dias. Fiquei de quarentena e sarei. Foi a minha primeira possibilidade de contágio e tive sorte em não contraí-la.

Agora, essa nova situação bem mais efetiva de contrair o vírus me deixou apreensivo. Pois sou de risco, acima de sessenta anos e a exposição foi alta, o contato foi direto a tarde toda daquele sábado na casa do amigo.

Fui tirar o sangue e aguardei o resultado com a certeza de que não estava com a doença, mas poderia estar assintomático e transmiti-la.

Dias depois acessei o site e os exames de sangue deram todos normais. O do COVID demoraria mais alguns dias. Aguardei.

- E aí Nandinho, "tá" com o "covirde"? - envia-me nova mensagem o Huguinho, curioso como eu.

- Ainda não saiu o resultado, mas acho que não, pois já faz mais de 15 dias do nosso encontro e estou sem sintomas. E você, sarou?

-Sim, estou quase bom. Tomando a bendita da cloroquina, ehehehe.

-Que bom, se cuida, hein! Devo ir agora, início do próximo mês "pra" aí e filar boia na sua casa de novo, agora sem "covirde".

- Sim, claro, até lá vou estar novinho em folha e sarado da gripezinha!

Dias depois, acesso o site do laboratório e o exame aguardado está concluído. Abro-o com ansiedade para saber qual o meu estado. O resultado foi negativo para contaminação e anticorpos. Alívio. Dei sorte novamente.

Agora, irei continuar seguindo as medidas de precaução e afastamento, pois tive duas situações de possível, até provável contágio com meu amigo contaminado, e não posso bobear em uma terceira.

Afinal, sou de risco e de sorte, mas ela pode mudar.

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Fernando Ceravolo
Enviado por Fernando Ceravolo em 04/09/2020
Código do texto: T7054494
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