Falta de assunto

Na antiga Esparta havia uma Assembleia, formada por senhores com mais de 60 anos; um grupo de apoio ao governo daquela cidade-Estado. Essa Assembleia chamava-se Gerúsia, da qual deriva a expressão Geriatria, que nos reporta a pessoas com mais de 60 anos, ou seja... aos velhos.

Hoje em dia, uma prática muito comum, em reuniões de velhos, é sempre discutir sobre os últimos lançamentos em dores, doenças e respectivos remédios.

Como se destaca quem conhece o novo modelo de bengala, as novas técnicas em recuperação de articulações, e como é nostálgico falar de velhos emplastros, hoje em dia já em desuso.

O capitalismo veio para tirar o viço da terceira idade, como se tivéssemos viço, mas os preços que vigoram nas boticas, tiraram a graça das drágeas, comprimidos, colírios, unguentos, e, afinal, da panaceia, que hoje é caríssima.

O preço do remédio para infarto, nos provoca uma dor de parto, o preço dos colírios, nos deixa cego de raiva, e as drogas para articulações, nos deixam ainda mais estáticos, até mesmo os diuréticos, nos fomentam a torcer pela incontinência.

Prefiro não mais falar da minha arritmia, corro de discussões sobre reumatismo, literalmente não vejo a hora de tudo voltar a ser como antes, quando as dores eram males, que vinham para o bem, quando tínhamos assunto, e como éramos hipocondríacos

Roberto Chaim
Enviado por Roberto Chaim em 01/09/2020
Reeditado em 02/09/2020
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