Baú Casas Bahia

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Viajar de motocicleta é um prazer inigualável para mim, uma higiene mental. Digo que faço uma sessão de mototerapia.

E para que a viagem aconteça, ocorre antes muita preparação e arrumação, sendo o maior problema fazer a carga, ou seja, ajustar a mala no bagageiro da moto com a aranha, aquela rede cheia de ganchos. Não tenho baús metálicos quadradinhos e bonitinhos que principalmente a turma das BMW's usa e nem dos de motoboy, ovalados, com a tampa que mal fecha. Uso uma mala de lona mole, de se levar ao clube e que se ajusta e amolda ao banco da magrela, presa pela aranha, mas que está se desfazendo pelo uso continuado.

Resolvi comprar uma mala nova de viagem, daquelas rígidas, pois iria para São Paulo no dia seguinte, um sábado, pensando ser melhor de ajustá-la no bagageiro da motocicleta do que a velhota cansada.

Fui a um hipermercado no centrinho da minha praia, ao norte da ilha de Santa Catarina e encontrei uma bonitinha de bom tamanho e preço, de cor cinza escuro prateado, combinando assim, com o preto da moto. Voltei para casa animado por testá-la e ver se montaria a carga mais fácil.

Coloquei-a sobre o bagageiro e vi que a área de suporte seria pequena para ela e penderia para frente.

-Resolvo com a aranha, claro - pensei comigo.

Peguei a rede, ajustei daqui, estiquei dali, forcei de lá e pronto, fixada, mas balançava um pouco.

-Tudo bem, vai fixar melhor com o peso das roupas.

Desmontei a traquitana de teste e fui arrumar as roupas na mala nova, para depois colocá-la em definitivo no bagageiro.

Mala feita e fechada:

-E se chover? Vai molhar, pois ela não é impermeável. Devia ter colocado as roupas em sacos plásticos. Vou ter que envolvê-la agora em um saco plástico e pronto - defini!

Trouxera-a da loja em uma grande sacola plástica branca, mas preferi um saco de lixo preto de outras viagens, que sempre guardo. Coloquei-a dentro dele por ser preto igual a moto.

- Agora passo fita colante para que fique bem fechada e isolada. Pronto! Peguei o rolo do adesivo e onde estava o seu início? São sempre assim essas fitas, grudam de forma que você não consegue achar onde começa. É irritante e foi um martírio, cutuquei com o estilete, achei uma ponta, ela foi se soltando enviesado até a lateral do carretel. Enfim, fiquei um tempão para poder conseguir dois pedacinhos e fechar um trecho do saco.

- Vou ter que colocar também na sacola branca para não entrar água. Feito! Levei o pacotão branco para o bagageiro e a carga ficou montada, mais parecendo uma encomenda a ser entregue.

Tinha também preparada a mochila que levaria às costas, com computador, macacão de chuva, cachecol para o frio, etc. Tudo pronto para a viagem.

No dia seguinte, o da jornada, acordei cedo como sempre. Tomei café e vesti-me - demorei uns 15 minutos, parecendo ao final igual a um astronauta, de tanta roupa, mochila nas costas, capacete e luvas. Eram sete horas e onze minutos, pois minha mulher tirou fotos assim todo paramentado, que mandei pela internet neste horário para meus filhos e amigos, alardeando o início da mototerapia. Despedi-me da patroa e mão na estrada. Seriam 8 horas de viagem, cerca de 800 km de distância, três paradas de abastecimento e oito pedágios. Oito e seus múltiplos!

Pilotava tranquilo pela estrada, com o tráfego de caminhões mais leve por ser sábado. Aos domingos, quando sempre viajo, é bem mais intenso, viajam neste dia para descarregar na segunda feira, segundo disse-me um amigo que trabalha com transportes, aconselhando-me ir aos sábados, o que fiz e constatei ser mesmo melhor.

Em uma das paradas para encher o tanque em um posto em Curitiba, tirei uma foto da moto com a carga, o pacote na sua traseira, enviando nova mensagem ao pessoal sobre em que local e horário estava.

- Está levando alguma entrega? - perguntou um amigo zombando da minha nova mala de viagem no bagageiro. Ele tem moto BMW com aquelas malinhas quadradinhas.

- Não, é o modelo Baú Casas Bahia - respondi.

Segui a viagem que transcorreu como programada. Relaxei e descontraí pilotando a magrela no seu rodar suave pela estrada tranquila e com tempo bom. Foi uma deliciosa jornada.

E o melhor foi que o novo baú funcionou perfeitamente bem. Lembrei-me do antigo slogan que passava na TV: "Casas Bahia - dedicação total a você! ". Recordar é viver.

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Fernando Ceravolo
Enviado por Fernando Ceravolo em 01/09/2020
Código do texto: T7051732
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