E S P E R A N Ç A
SEMPRE fui esperançoso. Mesmo tendo enfrentado várias adversidades, agravadas pela asma crônica, nunca deixei de cultivar a esperança - o sonho do homem acordado. No entanto, a minha esperança difere do otimismo. Sempre lembro um texto do saudoso Rubem Alves, não vou transcrevê-lo todo, apenas o final: "... Otimismo se alimenta de grandes coisas. Sem elas ele morre. A esperança se contenta com pequenas coisas. Nas pequenas coisas ela floresce. Basta-lhe um morango à beira do abismo. Hoje é tudo que temos, morangos à beira do abismo, alegria sem razões, a possibilidade da esperança".
Compreendo que no momento algumas pessoas estejam completamente em desalento, outras acreditando num otimismo fictício e que se baseia numa estratégia antidemocrática. Compreendo mas não respeito. É preciso lutar, ter esperança, mesmo estado à beira do abismo e tendo apenas um moranguinho. A esperança só morre quando entregamos os pontos, quando a covardia corrói a alma, quando se joga no lixo a utopia.
Continuo acreditando na esperança e cantando com o poeta Thiago de Melo: "Faz escuro, mas eu canto porque a manhã vai chegar". Ou como dizia Dom Hélder: "Quanto mais escura noite, mais carrega dentro de si amadrudada". Bingo. Inté.