Dependência
Eu me tornei cada vez mais dependente de você, mas não exatamente de você, mas da sua companhia. Sempre fui do tipo que era feliz, sozinha. O estar só nunca foi um problema, afinal, eu sempre estava rodeada de amigos, chegava em casa já era noite, sem o eu te amo de ninguém, somente o meu. Era um dia quente e abafado de verão e você pediu para que eu ficasse. Eu aceitei ter o seu eu te amo ao dormir, eu continuava rodeada de amigos, mas, aos poucos, fui me esquecendo o quanto eu me amava. Os dias foram passando, para os meus amigos eu era a mesma, a verdade é que tudo já estava tão diferente, eu me ocultava para que você sorrisse, afinal, você sempre detestou minha simpatia. Sempre fui extremamente obediente, mamãe dizia que era uma das minhas grandes virtudes, mas a obediência me cegou. A obediência me pacificou de uma forma que eu parecia não perceber como você agia, seu modo grosseiro, até mesmo odioso, eu simplesmente dependia de você. O pior dos dias eram aqueles em que eu não te veria, me afastei de mim, me acostumei com a dependência, a dependência que era te amar. Passaram dias, meses, anos. Era um dia quente e abafado de verão, você afirmou que partiria, eu permiti, a obediência me salvou. Hoje, a solidão me consome, me acostumei a depender de você, me acostumei com o seu eu te amo, me acostumei com tantas coisas que só você poderia me oferecer, me acostumei com a tua ausência, mas minha dependência não me permite esquecer. Talvez, em um dia quente e abafado de verão, eu faça você partir e dependa definitivamente só de mim.