EU QUE PENSEI.

Eu que pensei… Sim, eu pensei que seria diferente, deveras acreditei que dessa vez seria diferente, me enganei. Não foi como eu pensei, fiquei angustiado, chorei, ela nem viu, ainda que me visse, comportaria como se nem tivesse me visto. É sempre assim, desde muito tempo é assim, tempo esse que a propósito me foge da memória, ledo engano do meu coração.

Solidão… Sim, eu tenho solidão, me alimento da solidão, dela bebo, embriago-me todos os dias. É um solitário caminhar por entre as pessoas, sempre vendo sem ser visto, percebendo sem ser percebido. Ah! Doce condição de ser esse poço de esquecimento. A minha alma está em súplica desesperada, quer por que, quer desvencilhar-se deste corpo moribundo.

Eu que pensei… Sim, realmente acreditei com todas as forças que eu era alguma coisa naquele coração. Se, porventura ainda eu sou alguma coisa, não há nenhuma demonstração da parte dela que me faça perceber tal. Muitos já notaram isso, sim… Olhe que alguns até tentaram me avisar, eu, estúpido, cego, não quis escutar a ninguém, nem mesmo a voz da minha própria razão. Ah! Vida cruel, como eu gostaria de habitar a ilha solidão, de ser “Giovanni Marconi”, que pena que ele é apenas meu fictício personagem, o delírio de minha criação literária.

Solidão… Sim, há quem diga por aí que existem categorias de solidão piores, se verdade for, nem lá por perto quero passar, mas, essa que me assola, é por demais rancorosa. Ah! Como eu gostaria que tudo fosse diferente, que a vida, pelo menos por uma única vez, estivesse à altura do que se passa na cabeça de nós escritores. A vida mostrou-se por demais astuta, pregando peças nas pessoas, ledo engano do coração.

Eu que pensei… Sim, foi uma ilusão, e não adianta dizer: "Eu avisei”, eu sei disso. Não quero muita coisa, não, claro que não, acredite no que digo… Eu não desejo o estrelato, quero apenas ser notado, por acaso é pedir muito para ser visto, “olha, eu estou aqui pessoal, será que alguém me vê”. Não foi a primeira e nem vai ser a última… Ah! Não sei se posso continuar com isso. Pobre de mim.

Solidão… Sim, dessa vez o golpe teve uma precisão incrível, o tiro foi certeiro, coração que sangra, a alma dilacerada, tudo é um caos aqui dentro. Tentei esquivar dos ataques, mas, quem me alvejou foi certeiro no ataque, soube exatamente como fazer e quando fazer.

O meu desejo é desaparecer, sumir do mapa, porém, bem sei que desaparecer não resolverá o meu problema, pelo contrário, o fará ainda pior.

Eu que pensei… É sempre assim, em todas as outras vezes foi assim, e digo-lhes mais, continuará sendo assim, afinal, tem coisas que não mudam. O melhor a fazer e contornar a situação, driblar a solidão, driblar esse, 'Eu bem sei', e seguir o caminho. Que essas palavras fiquem confinadas dentro desta crônica, e quem porventura a ler, que entenda, em nossas vidas é quase que inevitável, pelo menos por uma vez, tanto essa 'solidão', bem como, 'Eu que pensei'. Esse ano é a prova de muito disso tudo.

Tiago Macedo Pena
Enviado por Tiago Macedo Pena em 30/08/2020
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