Os cupins e o Natal
Comeram a Árvore de Natal? Pousaram na cara-de-pau do Papai Noel? Trucidaram algum carrinho de madeira de qualquer criancinha ansiosa por presentes?
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Ela consumiu meu velho pai como o fogo consome os gravetos e restos de pau que vez por outra queimo em meu quintal, para desespero das donas-de-casa que tiverem esticado suas roupas nos varais vizinhos.
Ela, a vida...
Como um mero relâmpago na história do cosmos, ela também me consumirá, pequena flor de um imenso jardim. Sei lá qual flor, escolha, mas nenhuma delas, das flores, possui em si a capacidade de perpetuar suas formas, cores e aromas. Lindas: enquanto durarem!
Ontem, antevéspera do Natal, no afã de livrar a memória desta retangular telinha que me tira o sono com seu brilho, o Avast compromete anos de meticulosa arquivística. Bastou um enter... Cá estou, talvez ainda apegado à ideia de ganhar o mundo pelo conhecimento, pensando em aumentar a capacidade dos uploads da minha Unifique. Quando vou, mais que compreender, vivenciar a realidade da finitude terrena? A feiura do término da festa? A madeira roída pelos cupins?
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Não! Feiura não: beleza – foram os cupins que me ajudaram a compreender. Em sua sazonal revoada, transcreveram em meu assoalho, com suas asinhas caídas, a mensagem máxima e linda desta época. O vermelho não deve ser o do traje-sauna do Papai Noel, mas o sangue do Cordeiro! Manjedoura sem cruz não produz sentido. Símbolos. A outra face, aquela simbolizada, é a eternidade divina em forma de finitude humana: Cristo venceu a morte, o fogo e os cupins...
Quem terá, neste advento, a coragem e a sabedoria de entender a mensagem dos cupins?
Natal de 2017