Graças a Deus
Por Nemilson Vieira de Morais (*)
O Juscelino não saía do 'Bar do Vaca', no Lagoa; a tomar cachaça e jogar conversa fora.
Os seus pais, cristãos por certo intercediam a Deus para que o libertasse do alcoolismo.
O levei à Igreja Evangélica Assembleia de Deus no Céu Azul, num certo domingo onde participamos dum abençoado culto.
A pregação naquele dia, tocou-lhe de alguma maneira...
Certo que o amor de Deus torna-nos mais fortes para enfrentarmos os problemas da vida…
Depois do sermão, o pastor regional fez o apelo aos visitantes, que ainda não professavam a fé cristã. O Juscelino não resistiu e levantou às mãos num sinal-público de aceitação a Jesus, como o Salvador da sua alma.
Depois eu soube que ele não seguiu no propósito da fé e retornou para o 'mundo', aos mesmos ambientes mundanos que outrora frequentava.
Ao nos vermos a nossa alegria era uma só… Cobrava-me uma visita.
Amava frequentar as barracas dos ciganos, que acampam no Céu Azul 'B', em bebedices.
Um dia não pude mais resistir os frequentes convites e fui conhecer os seus familiares.
Seu João o pai estava no portão e nos recebeu com satisfação. Ao cumprimenta-lo com a 'paz do Senhor', como usam fazer os santos, ele respondeu-me com um 'graças a Deus'.
Com gestuais convidou-me a entrar na sua residência e conheci dona Maria a mãe de Juscelino e Gilda a irmã.
Como uma boa mineira logo nos ofereceu queijo fresco e café quente.
Na despedida, conforme o costume da irmandade evangélica li um texto Sagrado, oramos coletivamente e segui o meu caminho de volta.
O seu João só conseguia pronunciar duas palavras: 'Graças a Deus!' e mais nada.
Ao despedi-me com a paz do Senhor, ouvi dele pela última vez o seu graças a Deus.
Preocupado eu quis saber a razão da repetição daquela sentença.
Posteriormente o Juscelino explicou-me sobre o meu questionamento: o seu pai sofrera um Acidente Vascular Cerebral (AVC), que afetou a sua memória, à fala. De tal maneira, a não mais lembrar ou pronunciar outra palavra qualquer a não ser o graças a Deus. — Estas foram com ele para o túmulo e o segue na glória eterna.
Grandioso é o nosso Deus!
A Sua graça, uma vez na vida do cristão, deve ser mesmo perpetuada, propagada continuamente.
A doença poderá aparecer e remover da memória da pessoa, muitas coisas mas, a alegria de desejar e ser grato a Deus por tudo continua. Nessa vida e no porvir…
Por isso Paulo (apóstolo) disse numa ocasião que 'a graça de Deus, bastava-lhe'. Graças a Deus!
*Nemilson Vieira
Gestor Ambiental/Acadêmico Literário.
(07:09:16)