Se o espírito do insuperável invadir você, numa manhã fria de inverno ou numa tarde quente de verão, não importa: por gentileza, para o bem da humanidade, fique em casa. É um isolamento social com objetivo de saúde coletiva. 
Leia um livro, faça uma maratona no Prime Vídeos, jogue forca na smartv, mas não obrigue ninguém a ter que lidar com suas frustrações não trabalhadas na terapia.
Ter a pia cheia de louça para lavar também ajuda, não dá tempo de ficar cruzando os dados pra ser a vítima fatal do imponderável.
Se você diz que chegou atrasado, lá vem ele com seu relógio de ponto provar em números que fez e faz isso todos dias. Se reclama de uma dorzinha nas costas, ele já se operou e tem placas de titânio em todos os “entroncamentos colunais” em evidência. Se está triste, o “alecrim dourado que nasceu no campo sem ser semeado” está desolado, destruído, amargurado. Ele é a última bolacha do pacote: amassada, quebrada, rejeitada, mas esperando a fome de alguém. Nesse caso, espera de si.
O único diálogo possível, nesses casos, é falar das inúmeras vezes que se sentiu pra baixo, pelas perdas da vida, um emprego, por exemplo, lá estará o funcionário padrão com o ranking na mão, só que ao contrário. Quem sabe assim a autoestima não leva de gorjeta um “Up grade”?
Mas se, depois de tudo, for inevitável um insuperável avisa que precisa entrar na fila!
- Você é o mais traído? Você é o mais sofrido? Você o mais perdido? Você o mais...
E se, e só se, você olhar no espelho e enxergar um ator de novela mexicana à espera do próximo golpe, com uma lupa social na mão, observando as rugas do tempo ou os poros dilatados por efeito da pele oleosa, saiba que o insuperável é você. Sim, triste constatação. Mas auto-análise liberta! Então pega a toca, se enfia debaixo do cobertor, de preferência sozinho, faz voto de silêncio e vai “maratonar” Dark, no Netflix. Duvido que termine a série como o tal. Boa sorte!
Mas, se por ventura, tiver em penitência em prol dos desalojados, a caminho do céu ou quem sabe deseja evoluir espiritualmente para viver numa nova era: melhor adotar um! Se alimentar direitinho cresce! É a lei da atração! Vai fundo! Te encontro no céu! Se é que vou pra lá depois dessa crônica! Mamãe sempre diz pra fazer o bem, tolerar as pessoas, respeitar a  individualidade e perdoar... Nessa hora sou feito o gênero masculino, uma coisa de cada vez!

 
Mônica Cordeiro
Enviado por Mônica Cordeiro em 26/08/2020
Reeditado em 26/08/2020
Código do texto: T7046555
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