Certezas da vida
Há muitas certezas na vida. A maior certeza, tradicionalmente apontada pelos doutos, é que alguém pode fazer tudo o que quiser, mas não conseguirá se livrar de dois fatos inevitáveis: a morte e os impostos. Aqui somos objetos e não sujeitos, e devemos nos conformar com a ação que os donos de nossas vidas determinam. No caso dos impostos, os governos; no caso da morte, o naturalmente imponderável. Eles determinam e nós aceitamos, mesmo que a contragosto, resmungando alguns impropérios.
Mas eis que o nosso governo arrumou um jeitinho de burlar tal verdade. Criou uma tal de CPMF, que como o próprio nome indica é uma CONTRIBUIÇÃO e não um imposto, e o impôs sobre todos os brasileiros. Temos aí mais uma herança da era tucana; só que, no caso, o atual governo não a considera maldita. Não, é uma herança, para eles, bendita, tanto que a querem renovar por mais quatro anos.
Alega, o governo que tal contribuição representa cerca de 40 bilhões por ano, recursos necessários para dar continuidade aos programas sociais como a Bolsa-Família e para a sua destinação original, a Saúde.
Pois muito bem, todos aplaudimos a preocupação com programas sociais e com a Saúde. Só não entendemos porque é necessário obter tais recursos com essa contribuição sobre movimentação financeira, 0,38% sobre toda e qualquer transação que envolva dinheiro no território nacional, quando uma pequeníssima redução na taxa de juros pode desonerar o governo de muito mais do que isso, e gerar recursos em borbotões. Cremos que, no caso, a principal motivação é a facilidade na arrecadação, já que os 0,38% são retidos imediatamente pelos bancos, e, nos acreditamos, repassados imediatamente ao governo, sem intermediários. Ou será que tem algum engraçadinho que já inventou uma maneira de garfar um pouco da CPMF? É bem possível, já que a criatividade de alguns burocratas-políticos nessa terra é ilimitada quando se trata de abiscoitar uma vantagem pessoal nesse emaranhado de eventos que representam as necessidades sociais.
Enfim, a inevitabilidade se cumprirá. Não conseguiremos nos livrar da CPMF tão cedo. Com sorte haverá uma pequena redução na alíquota, de repente só 0,30% são suficientes?
Acho que não, com a epidemia de Dengue se avizinhando, o governo precisará de recursos cada vez maiores para a “Saúde”. Bem, sugiro que se inclua na lei um item sobre isso: todo aquele que contrair a dengue será isento de CPMF.
(Enquanto isso, em Gotham City, os helicópteros continuam metralhando marginais em fuga...).