Minha Estrada
Vocês já sabem como gosto de estrada e de viajar e de pilotar um auto. E é nessa hora que converso comigo. Na estrada que liga a minha cidade à vizinha, onde trabalho. É uma estrada perigosa, de curvas, com suas carretas bi-trem transportando cana-de-açúcar aos montes, sem acostamento. Fazendas boas, de terras vermelhas aqui e ali. Lavouras de cana pra todo lado. Tudo verdinho. Quando está florida, se espichamos a vista, tem uma coloração azulada por cima. O cheiro, em alguns trechos, é doce, de garapa, cana machucada. Noutros, horrível cheiro do vinhoto, uma substância
resultante da destilação do licor de fermentação do álcool de cana-de-açúcar, com a qual irrigam a plantação. Por cima é muito comum ver os tucanos, geralmente o casal. Um passou por perto e pude ver seu imenso bico. Perguntei a ele cadê sua "bicuda" e ele respondeu, apressado, que estava no ninho, chocando os "bicudinhos". Ri dessa ideia maluca.
Numa curva do caminho, assisti uma revoada de um bando amarelo. Eles estavam no pasto, provavelmente se alimentando. Centenas deles levantaram vôo quando o carro passou, assustando-os! Levei um choque com tanta beleza inesperada! Acho que eram canarinhos, porque eram miudinhos e amarelos. Miudinhos... essas coisas miúdas, diárias, sem nenhuma importância, alegram meu coração bobo!