DESALENTO

Inquietude do vazio, supremo deus que arrastou em seu fascínio, como uma dama de sua corte obscura:- a certeza de um lago de nadas, onde

mergulhei o repouso, dolorosamente.

A amargura de saber inúteis os momentos de irreal felicidade, tudo isso

faz-me flanar nas asas negras que atendem ao chamado de um bastão

mágico e invisível.

O pesar que sinto é baseado, é forjado, tão sómente, na certeza de sa-

ber que piso em falso, por caminhos largos e fáceis demasiado para mim.

E dizer que se eu pudesse acreditar nos sentimentos, mesmo que fôsse

num só, aquele ao qual chamam amor, poderia sentí-lo ... e ser feliz.

A descrença nasceu e agigantou-se no peito porém o bem maior que eu

mesma, esconde-me a beleza e leva-me a um auge de crueldade.

Crueldade que nada mais é que o reflexo do que posso distinguir nítida-

mente, neste período, pequeno estágio que faço nesta vida.

A pureza, tendo sido maculada em seu real valor - o espiritual - dissol-

veu-se na bruma densa do "não crer". E, pergunto eu, embora sabendo

que não terei resposta, se vale a pena fingir e continuar nesta existência,

depois de tanto caminhar sem esperança?

-o-o-o-o-o-

B.Hte., 24/08/20

RobertoRego
Enviado por RobertoRego em 24/08/2020
Reeditado em 24/08/2020
Código do texto: T7044882
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