A CRÍTICA. DEDICO AOS AMIGOS DA TURMA DE DIREITO UFF 1968.
A crítica faz o trabalho dos mineiros, que descem às profundezas mais absconsas, onde vão à procura dos filões sinuosos que ora rebrilham, ora desaparecem, mergulhando na terra e reencarnando na terra.
Essa viagem do crítico no invólucro do pensamento, se dilata em interpretações quando lhe toca a essência. É inconteste o valor da boa crítica.
Penetrar a alma do escritor, as ideias recalcadas que lhe traem a intenção, deixando desnuda a verdade escondida, o que viveu e vive, suas angústias e questões agravadas pela emoção e dificuldades, é tarefa nobre e difícil.
Por vezes a crítica, o processo crítico, é desumano, daí os desmandos, as aleivosias, críticas desarrazoadas e destruidoras, o que deseduca, desfigura, arruína.
Criticar é construir, aplaudir ou condenar, nunca corrigir.
O escritor que realmente tem como escopo essa missão, não necessita de correção, conhece a língua e a essência do tema, mas se volta à crítica para configurar, aparando, arestas pródigas ou não, do substrato de suas ideias, recortando passagens em analogia ao cenário que envolve emoções, esculpidas em dramas, alegrias e felicidades. O trabalho da crítica pressupõe conhecimentos aprofundados de história, filosofia, linguística, direito, medicina, etc. É um vasto campo onde passeia o exercício do “logos” a tanto dedicado.
Serenidade e sinceridade são seus aliados, isenção e visão macro suas metas no andamento do procedimento de análise permanente do que se desenrola na sociedade.
Os que se dedicam a esse delicado mister de desvendar o sentimento alheio, ora límpido através de sua escrita, não raro tisnado pela dureza da forma, muitas vezes incompreendido pela prevenção do espírito, quase sempre distantes dos cérebros sem cultivo e de corações menos aparelhados, que desconhecem a felicidade do verdadeiro riso e da lágrima que emociona, servem à utilidade.
Uma viagem criativa e dramática para a sensibilidade.