É TRISTE
É TRISTE
Como é triste ver-te assim! Bela, altiva. Tão só com a tua sombra, mesmo quando te fazes acompanhar de um sorriso, caminhas com a cruz.
É triste ver-te assim. Perdendo-te de ti.
É triste rever-te em um silêncio ensurdecedor quando tento explicar-me o tempo que perdi a tentar arrancar de ti a escuridão que aprisionas na alma.
É triste... É triste sentir a dor que carregas ao invés da presença, como antes acontecia. Hoje, quando estás por perto, ouço os teus gritos de desespero silenciados pelos passos da tristeza.
Hás de olhar muitas mais vezes e, um dia, quando tiveres os olhos postos no vazio da minha ausência, vais aprender a dar valor ao que tentei ensinar-te. Antes que seja tarde. Pelo menos espero que ainda não seja tão tarde, quanto é triste.
É triste que, quando volto para o meu Mundo, reconheço que a tua ausência não me esvazia mais. Aprendi a apreciar a tua ausência... Aprendi a preencher-me de mim, enquanto te esvazias.
E isso, sim, é triste!
(Orides Siqueira)