PELADA
Na pandemia, nada como boas recordações.
PELADA
No campinho, as traves não tinham redes, a grama era mato, a bola era meio oval, mas a pelada era sensacional. Quando chovia então, indescritível. Transcender o jogo era buscar a bola no mato tendo que atravessar a vala que circundava o “estádio”. Não havia juiz, as faltas eram por consensos, no grito, ou na porrada da lei do mais forte, mas o jogo não parava. A partida podia ser de 6 ou 12, os uniformes eram os com e os sem camisa.
Ninguém queria jogar no gol, mas dava-se um jeito, as vezes por revezamento, outras por algum machucado num pé, com unha escarafunchada. A exceção era o dono da bola que, por mais que fosse grosso, exercia o privilégio de não defender as balizas. Ao final, sem mortos e alguns feridos nos pés, canelas, joelhos e por aí afora, todos iam para casa escutar a ladainha “ mas você não tem jeito mesmo, olha seu estado, vai tomar banho já (a entonação do já é inesquecível)”.