Dualismo
Dualismo
Hoje acordei com uma música na cabeça e a parte de que mais gosto diz o seguinte: “não existiria som, se não houvesse o silêncio; não haveria luz, se não; fosse a escuridão, a vida é mesmo assim, dia e noite, não e sim”.
Espero que o Lulu Santos não me processe por pirataria ou apropriação indébita!
O que ele diz nessa música é uma verdade importante para os “Tempos modernos”, em que o homem desaprendeu o valor áureo do silêncio, e onde as trevas da vida cotidiana abafam e apagam a luz que cada um de nós possui. Sim, somos luzes, quando através de nossas atitudes vivenciamos a fé, a esperança e a caridade. Vocês podem achar essa conversa meio carola, eu compreendo, pois nos nossos dias os valores humanitários e sociais parecem pieguice.
Nós chegamos ao cúmulo de ter vergonha de sermos bondosos e medo de nos amar. Isso sim, eu acho que é piegas e ridículo. Todos querem receber esses bens que estou citando, mas, falou em dá-los, a pessoa muda de conversa, e se falar em dar dinheiro então, nossa, aí acabou a conversa mesmo!
E o que dizer do perdão? Presente mais belo e mais difícil de receber não existe. Há um dito popular que diz: “Deus perdoa, a natureza não”. Porém, nós somos naturalmente carnais e espiritualmente racionais. Nos momentos de raiva nosso primeiro impulso animal clama inconformado por retratação, é... Não é à-toa que a raiva é uma doença própria dos animais irracionais.
Toda via, coisa pior ainda é persistir e alimentar o rancor. Quando isso acontece passamos para uma categoria específica de animais irracionais: aqueles que possuem orelhas grandes, e não estou me referindo a coelhos.
Desculpem-me, caros leitores, por eu pegar pesado, talvez a delicadeza do assunto me faça parecer moralista. No entanto, eu usei a primeira do plural, o “nós”, portanto estou incluído em tudo o que disse. Não sei por que estou me justificando, isso não me parece muito inteligente, como também não me parece inteligente querer receber o perdão, mas não querer dá-lo.
Esse querer perdoar só acontece quando recorremos a Deus. Deus é amor, e a faceta mais necessária do amor é o perdão.
E por falar em Deus, começo e fim de tudo, quero continuar e terminar cantando de onde parei: “eu te amo, calado, como que ouve uma sinfonia; de silêncio e de luz, nós somos medo e desejo, somos, feitos de silêncio e som; têm certas coisas que eu não sei dizer”.