A Cultura tudo vence
Inclusive, relativamente a si própria, a Cultura tudo vence, vai muito além daqueles que a criaram, realizaram-na e a ensinaram a outras gerações, que herdaram valores, costumes e patrimônio cultural. A humanidade, tendo a Cultura como companheira, caminha e tem enfrentado circunstâncias transtornadoras, inevitáveis na nossa existência. Nunca a Cultura deixou de ser convivente ou protagonista desse fenômeno humano, que, enquanto criativo, depende, contudo, dele para sua sobrevivência. Dessas crises existenciais ou desses incômodos naturais, como a atual pandemia, estabelece-se, desde a humanidade primitiva, um salutar paradigma: a Cultura é necessária à conduta individual, grupal ou social. Ou se faz cultura ou não se sobrevive.
Reportemo-nos aos próprios heróis e heroínas, tidos como exemplos de fortitude, na remota e contemporânea história, eles e elas se superaram, mas, jamais acima das suas próprias culturas. Pelo contrário, foram considerados culturalmente protótipos de cidadania, exemplos de vida cultural: hábitos e costumes, como se fossem atores e atrizes, no teatro da vida, de excepcionais feitos, que não ocorreram como ações sobre-humanas, sobrenaturais; exceção dada às figuras sagradas ou míticas, que, por sua vez, conceituaram-se na ideia e forma da realidade cultural. Observe-se que Prometeu, manuseando o humus, a úmida argila, fez um boneco de barro, no formato humano, ao qual Minerva deu um sopro (pneuma), introduzindo-lhe espírito, ânimo (animus), e assim, vida. Culturalmente, essa narração da origem da humanidade (humanitas), que vem de humus, significando terra, barro, assemelha-se à explicação da nossa origem, no Livro do Gênesis, da Bíblia, bem anterior à descrita na mitologia grega.
Ao relermos os clássicos, os sujeitos do heroísmo, sejam reais ou fictícios, não passaram de personagens simplesmente culturais ou apenas exponenciais na cultura do seu tempo e do seu espaço. Eram, de acordo com a época, agricultores, caçadores, cavaleiros, trabalhadores, dirigentes ou, mais à frente, astronautas ou futuros habitantes de outros planetas, que sempre se conduzirão conforme os padrões das suas culturas. Foram ou serão, como todos nós, aprendizes da suas endoculturações, desde seu nascimento, no seio familiar ou no seu grupo social (in goup). Ninguém pode se dizer fora da Cultura, fora dessas águas do rio cultural, mesmo que se considere à margem ou queira ficar “marginalizado”. Enfim, nenhum indivíduo consegue ser independente dela, embora tenhamos sido, repito, seus criadores, e também seus preservadores ou parcialmente transformadores. Estamos dentro da Cultura, desse imenso barco que, por si só, é comandado, parecido à deriva, navega nos mais profundos e revoltos mares, sem naufragar ou ir a pique...
Mesmo considerados famosos, em toda a literatura universal, os heróis e heroínas eram de carne e osso, educados e modelados pela Cultura, repito, no tempo e no espaço em que viveram; fosse um Ulisses (Odisseu), de Homero, ou um Ulysses, de James Joyce. Fora ou dentro do weltanschauung de hoje ou da “visão de mundo” de então, foram formados e se conduziram, buscando virtudes, nos mais comuns hábitos e costumes, alguns imprescindíveis ao fenômeno do heroísmo ou do sucesso, como a perseverança, a coragem e a virtude consequente do equilíbrio: a prudência. Por isso, os heróis e as heroínas, quando falam, não escondem seus sentimentos; revelam, diretamente ou por metáforas, até confissões de fraquezas, como a do calcanhar de Aquiles. Assim, também é a Cultura, fazendo a cultura do heroísmo, superiora ou igual a qualquer ação ou ato heroico. E, como ele, forte, resistente, relativo, universal e continuamente invencível.
DESTAQUE : Ninguém pode se dizer fora da Cultura, fora dessas águas do rio cultural, mesmo que se considere à margem ou queira ficar “marginalizado”.
Inclusive, relativamente a si própria, a Cultura tudo vence, vai muito além daqueles que a criaram, realizaram-na e a ensinaram a outras gerações, que herdaram valores, costumes e patrimônio cultural. A humanidade, tendo a Cultura como companheira, caminha e tem enfrentado circunstâncias transtornadoras, inevitáveis na nossa existência. Nunca a Cultura deixou de ser convivente ou protagonista desse fenômeno humano, que, enquanto criativo, depende, contudo, dele para sua sobrevivência. Dessas crises existenciais ou desses incômodos naturais, como a atual pandemia, estabelece-se, desde a humanidade primitiva, um salutar paradigma: a Cultura é necessária à conduta individual, grupal ou social. Ou se faz cultura ou não se sobrevive.
Reportemo-nos aos próprios heróis e heroínas, tidos como exemplos de fortitude, na remota e contemporânea história, eles e elas se superaram, mas, jamais acima das suas próprias culturas. Pelo contrário, foram considerados culturalmente protótipos de cidadania, exemplos de vida cultural: hábitos e costumes, como se fossem atores e atrizes, no teatro da vida, de excepcionais feitos, que não ocorreram como ações sobre-humanas, sobrenaturais; exceção dada às figuras sagradas ou míticas, que, por sua vez, conceituaram-se na ideia e forma da realidade cultural. Observe-se que Prometeu, manuseando o humus, a úmida argila, fez um boneco de barro, no formato humano, ao qual Minerva deu um sopro (pneuma), introduzindo-lhe espírito, ânimo (animus), e assim, vida. Culturalmente, essa narração da origem da humanidade (humanitas), que vem de humus, significando terra, barro, assemelha-se à explicação da nossa origem, no Livro do Gênesis, da Bíblia, bem anterior à descrita na mitologia grega.
Ao relermos os clássicos, os sujeitos do heroísmo, sejam reais ou fictícios, não passaram de personagens simplesmente culturais ou apenas exponenciais na cultura do seu tempo e do seu espaço. Eram, de acordo com a época, agricultores, caçadores, cavaleiros, trabalhadores, dirigentes ou, mais à frente, astronautas ou futuros habitantes de outros planetas, que sempre se conduzirão conforme os padrões das suas culturas. Foram ou serão, como todos nós, aprendizes da suas endoculturações, desde seu nascimento, no seio familiar ou no seu grupo social (in goup). Ninguém pode se dizer fora da Cultura, fora dessas águas do rio cultural, mesmo que se considere à margem ou queira ficar “marginalizado”. Enfim, nenhum indivíduo consegue ser independente dela, embora tenhamos sido, repito, seus criadores, e também seus preservadores ou parcialmente transformadores. Estamos dentro da Cultura, desse imenso barco que, por si só, é comandado, parecido à deriva, navega nos mais profundos e revoltos mares, sem naufragar ou ir a pique...
Mesmo considerados famosos, em toda a literatura universal, os heróis e heroínas eram de carne e osso, educados e modelados pela Cultura, repito, no tempo e no espaço em que viveram; fosse um Ulisses (Odisseu), de Homero, ou um Ulysses, de James Joyce. Fora ou dentro do weltanschauung de hoje ou da “visão de mundo” de então, foram formados e se conduziram, buscando virtudes, nos mais comuns hábitos e costumes, alguns imprescindíveis ao fenômeno do heroísmo ou do sucesso, como a perseverança, a coragem e a virtude consequente do equilíbrio: a prudência. Por isso, os heróis e as heroínas, quando falam, não escondem seus sentimentos; revelam, diretamente ou por metáforas, até confissões de fraquezas, como a do calcanhar de Aquiles. Assim, também é a Cultura, fazendo a cultura do heroísmo, superiora ou igual a qualquer ação ou ato heroico. E, como ele, forte, resistente, relativo, universal e continuamente invencível.
DESTAQUE : Ninguém pode se dizer fora da Cultura, fora dessas águas do rio cultural, mesmo que se considere à margem ou queira ficar “marginalizado”.