Uma exceção à regra
Não pretendo neste momento relembrar as velhas aulas de português, quando os exemplos já estavam se encaixando na mente da gente, logo vinha uma “exceção à regra”. Aí era só na decoreba mesmo. Aliás, não somente nas aulas de português; em outras também tinham muito desse negócio de “exceção à regra”.
Depois, ao passar dos tempos, fui compreendendo melhor essa ideia das “exceções”. É que os fatos ocorrem na sua naturalidade; e, de forma costumeira, a vida segue. E com ela, vamos nós. Até que certo dia, surge alguém (ou um grupo de “entendidos”) e coloca regras na vida pacata das pessoas e dita-as a todo o instante. E lá vamos nós. Só que o interessante é que não se consegue colocar regras em tudo, pelo que continua prevalecendo, em alguns casos, o costumeiro.
Então, foi nessa que me embarquei. Para driblar estes tempos de quarentenas, ou de isolamento social, resolvi colocar umas regras no meu cotidiano, assim como exemplo:
ao receber visitas, ponho a máscara na cara e a garrafinha de álcool em gel na mão, pois é minha obrigação zelar pela saúde das pessoas, ainda mais das que me dão a alegria da visita, mesmo em tempos de covid-19;
evitar elevadores, preferindo, é claro, as escadas, haja vista a oportunidade para uma atividade física saudável;
evitar veículos automotores, dando preferência a andar a pé e às atividades ciclísticas (a compra da bicicleta já está na lista, ha ha ha);
cotovelo com cotovelo e outras manias paliativas, nem pensar (o correto é aprendermos a reverenciar uns aos outros, numa distância segura, assim como fazem os nossos irmãos nipônicos);
e assim vão as regras e mais regras, além da sensação de que estamos em um constante baile ou desfile de máscaras.
Ocorre que, um dia desses, ao chegar de uma caminhada, esbaforido por conta do uso da máscara, mesmo assim subi pela escada (está na regra, ha ha ha) até o terceiro andar, onde moro, ou seja, me escondo.
Pronto! Cheguei, esbaforidamente, tirei a máscara e, ao sentar numa poltrona na sala, o interfone tocou. Tocou uma, duas, na terceira atendi. Era o carteiro. Encomenda para mim. Somente eu em casa. O carteiro não podia subir, é a regra. Lembrei do Arnaldo: “a regra é clara”. Tenho de descer e subir novamente pela escada. Ufa!
Eh! Neste caso, tem de haver uma “exceção à regra”, ha ha ha!