ISTO É O COMUNISMO

CONFESSO que estou meio bambo e desesperançado, a sociedade brasileira não vai reagir. vai marchar de cabeça baixa como uma manada para o matadouro. Deus queira que eu esteja errado. Minha esperança é só a vacina, seja ela da Rússia, da China, de Cuva, de Oxford ou do escambau. Mas vamos a reminiscência ou conversa mole de hoje.

Sempre afirmei que sou um saudosista inveterado. Tenho certeza que os que quem lê as minhas arengar já constataram isso: o saudosismo deste véio caduco. às vezes penso, juro, que estacionei nos anos dourados.

Por isso talvez se conclua que esse meu fascínio por essa época incluiria todos os usos e costumes dela, de cabo a rabo. Certo? Não, esse fascínio é noves-fora os preconceitos daquele tempo. Detalhe: o preconceito foia grande nódoa dos anos dourados, ele enlameou um período arretado de nossa historia. Assim, meu fascínio não é total, ele condena o preconceito da época. Lembro Einstein: "É mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito". Bingo!

Vou só lembrar um tipo de preconceito de que fui vítima. Vocês não imaginam o que se sofria por ser filho de comunista na época da guerra fria (ela coincidiu com os anos dourados). Ser filho de comunista fazia com que a criança e o adolescente fosse evitado como se ele estivesse com alguma doença contagiosa. Um exemplo do terror espalhado pela indústria do anticomunismo fascista: na porta da Igreja Matriz havia um cartaz que retratava um soldado feroz com uma enorme bota pisando um camponês, e abaixo a inscrição: ISTO É O COMUNISMO! Muitos pais proibiam os filhos de se relacionar com os filhos dos comunistas, chamavam filhos dos assalariados de Moscou. Na escola, no colégio, em todo canto os filhos dos comunistas eram discriminados, ofendidos e perseguidos.Pessoalmente não sofri muito, porque quando me insultavam eu sempre dava o troco: -- Meu pai é comunista mas o seu é ladrão! E era mesmo. Variava ainda de forma mais radical: - Seu pai é corno! E era. Ou para a baixaria: - Seu pai é falso à bandeira. Podia anão ser mas levava jeito. Alguém poderia arguir com razão como eu radicalizava sendo asmático e sem força física nenhuma. Explico:sempre andava com um irmão que era muito forte e to da agarotada tinha medo dele. Era meu guarda-costas. Um porrreta.

Fico por aqui. Estou ouvindo uma música daquela época: Besame Mucho. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 20/08/2020
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