Sobre querer um relacionamento...
Há alguns dias foi o dia do solteiro. Uma data simbólica muito importante e reflexiva para mim. Percebi que gosto demais do meu estado de solteira. Sou muito feliz assim. É cômodo, aconchegante e prazeroso a minha própria companhia, conhecer quem sou, o que gosto, o que não gosto, quais meus sonhos. No entanto, isso não significa que eu não queira um relacionamento.
Querer um relacionamento eu quero, mas não estou disponível ainda. Honestamente falando, eu estaria mentindo – como venho fazendo há muito tempo, declarando de forma muita assertiva que não quero um relacionamento para todos aqueles que querem impor que eu devo ter uma relação para ser completa – se dissesse que não quero um relacionamento estável, sério e realizado, agora, nesse momento na minha vida.
Querer eu quero. Óbvio. Mas não estou disponível. Além disso, nada é tão simples e as coisas tendem a não sair como planejado – logo eu, que gosto de tudo o que posso controlar. Meu coração diz que sim, mas a minha mente ignora completamente suas súplicas. E nesse momento eu prefiro ouvir a voz da razão – me desculpe coração, todavia ainda não posso ouvi você. E sendo bem sinceras, eu tenho motivos demais para não querer perder a paz que tenho ao não ter ninguém ao meu lado. Não é egoísmo meu chamar isso de paz. Ok, acho que é. Contudo, é um egoísmo necessário. Eu custei muito a entender que isso era necessário para mim.
Cheguei num lugar dentro de mim que tudo o que passei me fez ter conforto em meu próprio ser. Consegui apagar os incêndios de sentimentos que criei em vão, para pessoas que não valiam a pena – eu sou muito intensa. Consegui reconstruir os pedacinhos do meu coração que entreguei para quem não merecia possuí-lo. Descobri a pessoa incrível que eu sou e quem involuntariamente duvidei por sempre buscar a aprovação dos outros – como eu fui tola ao esperar aprovação de quem não saber ser original. Aprendi que mereço a reciprocidade em todas as relações que permeiam a minha vida. Assim, eu não consigo me ver embarcando na montanha-russa de sentimentos que é me envolver com alguém. Por agora não, obrigada!
Eu poderia dar desculpas batidas como querer aproveitar a vida, beijar todos no carnaval, não querer um compromisso para aproveitar todas as opções, mas nada disso é a metade da verdade. Eu só não quero. Eu não tenho condições emocionais de me desgastar em coisas que por enquanto posso evitar. Tá legal, isso não é tão verdade. Afinal, o coração tem mistérios e não escolhemos a hora em que o cupido, esse danado, inventa de nos acertar com suas flechas sem mira certa. Assim, eu não posso garantir nada se uma paixão avassaladora dominar meus sentidos e me fiz refazer minhas certezas. Só posso falar do momento presente, em que não estou envolvida por ninguém, além de mim mesma.
Estou em uma fase em que pertenço somente a mim. Me sinto bem comigo mesma. Estou trabalhando a minha autoestima. Cuidando da minha saúde mental, que andava tão debilitada. Estou rodeada de amigos incríveis que me amam e apoiam incondicionalmente. Me sinto o meu melhor amigo, de quem não escondo nada. Me sinto capaz de resolver todos os problemas. Estou trabalhando em solucionar os meus dilemas. Tenho ânimo para trabalhar, saúde para sentir o sol na minha pele, livros organizados para ler e café quentinho para me dar aquela ingestão de fé que a vida é bela. Isso tem me bastado. Eu tenho me bastado. E não há sensação melhor que essa, além de um amor que vale a pena viver. Mas isso eu deixo para o destino.
Parei de achar que devo tudo, de querer abraçar o mundo com os pés e mãos. Parei de achar que só poderia ser feliz inteiramente se tivesse um amor na minha vida – mesmo não tendo lá muita fé que o amor era para mim. Eu me tornei o meu próprio amor. A carência bate em alguns dias, em que queria um cafuné e alguém para dividir a panela de brigadeiro, mas não me desesperam mais. Nunca estou só, sempre estou bem acompanhada.