De volta ao começo
(De volta ao começo)
“Arrependo-me amargamente ter te conhecido.” Disse ele enquanto sumia na esquina.
“Amaldiçoo o dia em que me apaixonei por você…” Disse ela com olhos marejados e pés cansados de correr.
Palavras duras, sentimentos mal resolvidos, uma briga, como nunca antes briga,o estopim para um novo e desacompanhado começo. Roberto Siqueira jamais vira uma ruptura tão triste quanto aquela. Impotente à situação, lacrimejou sob o nublado daquele sábado que paria o fim de um ciclo que outrora ali nasceu.
Os pés trilharam caminhos opostos, escolheram diferentes escolhas, fizeram tudo aquilo que lhes apraziam. Viveram intensamente do jeito que queriam.
Na jornada saborearam infindas experiências, escrevendo assim capítulos que aparentemente eram divertidos a leitura, até o dia em que.
A diversão já não era mais tão alegre, e a solidão berrava alto no cinema, banhava as páginas e fazia amargar o doce do intensamente livre.
Logo, mesas foram ocupadas, diálogos conversados, olhares se cruzaram, e em seguida se desviaram, mãos tentaram se encaixar, mas não se aconchegaram, pois não se cabiam.
Norte e Sul, um misto de arrependimento e saudade invadiu as mesas, os corações, deixando perplexos todos aqueles que a cena presenciavam.
Subitamente pés faziam o caminho de volta, num desejo voraz de voltar ao começo e refazer aquele amargo instante, andavam para trás em busca de costurar o rasgo na malha puída daquele amor.
Passos, ex-passos, espaços, mais um passo, até que na madrugada fria daquele dezembro, depois de tanto caminharem, de volta ao ponto de partida que agora era de chegada, o fim se fez em início, e o início se fez em fim, ali num laço feito de abraço, num perdão feito de palavras, num choro regado de amor, o choro do recomeço berrou.
Ali debaixo da marquise, a máquina cortou os furos, alinhavou com fio vermelho e novinho mais um capítulo daquele amor.
Sob as estrelas daquele nublado céu, Roberto Siqueira risonhamente pranteou, ao ver o “re-começo” daquele velho/novo amor.