O CENTRO

“O planeta Terra é o centro do universo”, dizia o astrônomo grego Ptolemeu (90-168 d.C.), que só foi refutado por Copérnico mais de um milênio depois, em 1500, o qual afirmava ser o Sol o centro. Naquela época, a noção de universo nada mais era do que o céu visível, ou seja, as estrelas da Via Láctea.

Somente no começo do século XX, com a astrônoma Henrietta Leavitt, que o trabalho de catalogação de estrelas começou a ficar mais robusto, medindo a distância entre elas por meio da intensidade do brilho. Dando sequência aos estudos de Henrietta, em 1917, Harlow Shapley sugeriu que o Sol não passava nem perto de ser o centro do “universo”, graças a observação de constelações e aglomerados estelares.

Mas só com Heber Curtis, também em 1917, que a coisa começou a ficar séria. Uma famigerada nebulosa que acreditava-se ser um aglomerado de estrelas dentro da Via Láctea era, na verdade, outra galáxia: a nossa vizinha Andrômeda, que hoje sabemos estar a 2,5 milhões de anos luz da Terra, com aproximadamente um trilhão de estrelas. Sim, você leu certo, um trilhão de estrelas.

Com a tecnologia da época, no entanto, nada era aceito com tanta certeza, pois mais observações e dados eram necessários.

Outro gigante passo rumo a essa, digamos, descentralização se deu com o astrônomo Edwin Hubble. Em 1926, ele apresentou cálculos mais precisos em relação à distância entre as estrelas, atestando a existência de Andrômeda e de várias outras galáxias...

Em homenagem a ele, o telescópio Hubble foi lançado pela Nasa em 1990 e ajudou a vasculhar a imensidão que é o nosso universo. Sabemos que há bilhões, talvez trilhões de galáxias. Sabemos que o Sol é apenas uma estrela, do tipo anã amarela, e que só é o centro do sistema solar mesmo. No centro da Via Láctea, porém, lá pras bandas da constelação de Sagitário, reside um buraco negro supermassivo. Os astrônomos inclusive sabem que a maioria das galáxias abriga um buraco negro supermassivo no seu centro. Mas isso é papo pra outra oportunidade....

O que importa mesmo é saber que nós, seres humanos, não somos e nunca fomos o centro de nada.

Talvez do nosso próprio ego, ignorância e convicções precipitadas.

Foto: Nasa/ESA

Victor Godoi de Almeida
Enviado por Victor Godoi de Almeida em 16/08/2020
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