SEMEANDO POESIAS
SEMEANDO POESIAS
"(...) as dores e saudades/ dos amores
vividos, / dos toques sentidos, / da
doce ilusão de amar".
MARIA DELBONI (trecho final de poema,
in "CENA POÉTICA 6", pag. 96, MG, 2020)
Enfim, "tudo está bem quando acaba bem", já diziam os antigos e, apesar do quase-susto que nos daria os Correios, recebi o pacote com 40 livros em menos de quinze dias, um recorde, a embalagem intacta, outra surpresa. Eis um livro caprichado, bela capa plastificada e com as minifotos dos autores todos, recurso muito criativo. Curiosamente, 2 ou 3 dias antes houve breve debate no FACEBOOK sobre as vantagens e desvantagens das coletâneas "amadoras" ou -- quando criadas a partir de seleção -- intituladas ANTOLOGIAS. Seguramente, a vantagem principal é a garantia de LEITORES para a sua produção... quem participa -- 10, 12, 15 ou 38 autores nessa que analiso agora -- lê não só seu trabalho como todos os demais escritos, do que discorda o poeta Juraci Siqueira, aqui de Belém,entre vários outros. Tivesse eu condições, me faria presente em quantas houvessem, porque só existe ESCRITOR quando êle publica, independentemente de qualidade ou outros parâmetros. Escritor "de gaveta" é uma ILUSÃO, quando não farsa inútil !
Na recente obra "CENA POÉTICA 6" cada autor recebeu 40 exemplares que irá distribuir entre amigos e conhecidos. Supondo que 2/3 dos presenteados leiam a obra inteira, cada escritor terá quase 950 leitores, em boa parte do país, sem fazer qualquer despesa, esforço ou divulgação. A primeira experiência minha nesse "ramo" foi pela famosa editora carioca SHOGUN, em 1984, pioneira e que fez enorme sucesso na época, juntando "num cesto só" -- sem REVISÃO nem seleção -- quem sonhasse editar, de 60, 80 a até 100 "rabiscadores", alguns com talento... ou, pelo menos, sensibilidade, lirismo. Já no Pará,em 1987, a TV & Rádio CULTURA promoveu alentado volume com prosa e poemas tendo como pano de fundo Belém, suas tradições e costumes. Entre os vencedores o meu incentivador, prof. e poeta JOSÉ ILDONE, com uma crônica sobre os sinos de Belém. Adiante, enquanto presidente da APE - Associação Paraense de Escritores, por volta de 1989/90, êle iniciaria imenso resgate dos autores locais desde os 1800, em 8 robustos volumes. Apressei-me para enviar minha participação, já nos primeiros dias... até onde sei, meu nome não apareceu em nenhum dos volumes, até hoje ignoro porque, embora fosse carioca de nascença. Me parece que minhas críticas (pelos jornais) com referência à atuação da APE falaram mais alto do que "meu direito" a uma página na ANTOLOGIA. A obra não passou incólume, recebeu intensas críticas locais, apesar da intenção inicial ser simplesmente REGISTRAR a presença dos autores no cenário cultural do Estado e no da Capital.
Cresceram, por isso mesmo, mais as críticas do que a admiração por tais publicações. Ora, como pouquíssimos possuem condições financeiras para assumir um livro próprio -- com preço hoje nunca inferior a 3 MIL REAIS por míseros 150 ou 200 exemplares -- a COLETÂNEA ainda é a JANELA mais acessível para todo escritor "de gaveta" mostrar seu talento. A "fofoca" de que organizadores a fazem "pelo lucro" é mera calúnia... leva-se de 3 a 5 MESES montando / corrigindo / refazendo a obra e ainda existem as despesas de envio por um Correio inconfiável.
"CENA POÉTICA 6" é quase um livro de luxo de 160 páginas, papel de primeira, diagramação impecável do ainda pouco conhecido Irineu Baroni (MG) e letras grandes, sob a supervisão do batalhador incansável ROGÉRIO SALGADO, que conheci em 1984/85 lançando a revista "ecológica" ARTE QUINTAL, a qual me enviava de graça para um lugarejo sem luz nem coisa alguma, no interior do Pará. "CENA POÉTICA 6" reúne os anseios, sonhos e revoltas de um bocado de brasileiras e brasileiros sob as asas da Poesia -- entre 2 ou 3 textos de prosa, um meu, inclusive -- todos "cinquentões" e além, unindo filosoficamente FIM & RECOMEÇO... nós que estamos indo, juntos na obra a esse rebento lírico de 9 ANOS que fecha o livro, iniciando (como fizemos anteriormente) a caminhada pela trilha da Poesia, nessa "festa muito legal... lugar de encontro cultural" que é esta bela Coletânea. PARABÉNS, poeta Rogério Salgado ! Bem-vindo, jovem YAGO GONÇALVES !
"NATO" AZEVEDO (em 15/agosto 2020, 16hs)