SEM FUTURO, MAS SÓ POR ENQUANTO...
O camponês Jô Formigon é um dos pré candidatos a prefeito da recém emancipada Cafundós de Judas, que assim como muitos outros pré candidatos de outras pequenas cidades deste imenso país, está de mãos e pés atados, sem saber o que fazer para chamar a atenção, de forma positiva, de seus eventuais eleitores, em mais um pleito eletivo que se avizinha, em que pese o fato de ele ter andado meio reticente, nos últimos tempos, com os altos e baixos e os rumos incertos da política partidária nacional.
Inicialmente, ele imaginou montar um palanque fixo, lá no centro da cidade, com um cenário exótico, mais bem aparelhado que outros que estiverem por lá, com uma sonorização de primeiro escalão e ir promovendo de forma cautelosa a apresentação de seu projeto eleitoral para o conhecimento de seu povo, mas devido à pandemia ele entende que ainda não poderá fazer isso.
Já pensou em trazer cantores regionais, mais discretos que aqueles que noutros tempos já estiveram animando as campanhas eleitorais de antigos candidatos do município que gerou o seu, mas, devido à sua preocupação com os riscos causados pela aglomeração de pessoas que, certamente, favorecerá em muito a proliferação da Covid-19, ele está descartando em definitivo essa possibilidade.
Já cogitou convidar alguns líderes religiosos, de templos cujos rótulos e enunciados são pouco conhecidos, mas que ainda permanecem fechados por causa da Covid-19, para fazer cultos relâmpagos em plena praça central da cidade e, em estando ali junto com eles, ser notado pelos fiéis presentes, mas isso também não poderá fazer porque iria prejudicar a manutenção do isolamento social horizontal existente no seu município.
Já pensou em fazer doações de alimentos para as pessoas mais carentes, ali mesmo no vão livre do mercado municipal, mas entende que iria causar aglomerações desnecessárias, além do mais, essa sua atitude benevolente, às vésperas do início da campanha eleitoral, poderia ser interpretada como uma "atitude velada de encomendas de votos", direcionada sobretudo a alguns eleitores ainda indecisos.
Dias atrás, um líder comunitário influente do seu recém criado município cafundoense confidenciou para algumas pessoas guardadoras de segredos mais sérios, que o camponês Jô Formigon, por enquanto, está se sentindo um pré candidato sem futuro, em se comparando com o poderio financeiro dos demais. Todavia, assim que for dado o apito inicial da largada da corrida eleitoral, resguardadas as devidas cautelas preventivas para com a preservação da saúde de seu povo, ele promete botar para quebrar em termos de promoção de sua campanha eleitoral.
Já prevê o lançamento de um slogan de campanha eleitoral diferenciado dos demais, com o seguinte refrão de cunho apelativo:
"Se você já está cansado dessa mesmice política e partidária que nunca muda de tom e nem almeja para o nosso povo sofrido, algo de bom, mexa-se, a hora é agora. Vote no cafundoense Jô Formigon; ou se preferir fique aí, sentado, esperando, pacientemente, o momento dos estouros de fogos de artifício do próximo réveillon!"
Pensando cá com meus botões e, ao mesmo tempo, tentando analisar friamente a situação de desesperança do povo cafundoense sofrido, somada à falta de um projeto popular robusto, visando à melhoria da vida de seus concidadãos, eu arriscaria em dizer que Jô Formigon será efetivamente eleito, ou nunca mais será candidato a nenhum cargo eletivo.
São meras conjeturas de minha parte, mas, como já dizia o saudoso político brasileiro Magalhães Pinto, a "política é comum uma nuvem. Você olha, ela está de um jeito. Você volta a olhá-la e ela já mudou de forma", ou seja, para quem vive nela e/ou "luta" por ela, tudo é perfeitamente possível.
Grosso modo, o atual cenário organizacional da situação política e partidária do cafundoense Jô Formigon é típico de um candidato sem um futuro promissor, politicamente falando, mas algo poderá mudar para melhor a qualquer momento e isso só o tempo o dirá.
Será que seus correligionários estão pensando que elegerão mais um futuro salvador da pátria!?