UM TEXTO SEM TÍTULO
Hoje, à semelhança das passadas trezentas horas, ou mais, acordei com os nervos distante da minha superfície mental e decidi escrever-vos, mais uma vez, alguma coisa que me ocorre nessa “pequena” minha cabeça. É, até esse ponto, essencialmente, por uma questão que até pode ser lúgubre, chamar-me a mim mesmo como um “escritor”, embora, no entanto, esteja cônscio das perspectivas argumentativas à volta da semântica daquele substantivo.
Num mundo cada vez mais consumista, materialista, é, grosso modo, uma tarefa árdua ser-se humano nem que 24 horas só. Reitero: está-se, cada vez mais, difícil se ser humano, pois nossas buscas, imbuídas de discursos egoístas, ainda não aprendemos a partilhar até as lágrimas.
Quando me ocorrem as dores do outro, por exemplo, ainda que os não possa curar, já é um alívio espiritual para ele, uma vez que também o ajudarei a suportá-las, mesmo que em proporções distintas… Nossos pensamentos são lamacentos. Somos um rio que escorre para lá do vento, nenhuma água é saudável para a companhia, porque nos sentimos tão vazios, não obstante termos, de perto, algum outro ser a quem poderíamos descrever os nossos medos, por exemplo também. Há presenças que não superam ausências.
Há uma boa nova. Aliás, ela é antiga, só chegou a nós por via terreste. Uma pesquisa feita pela Revista Science, no passado mês de Julho, atestou que “ler ficção torna o homem mais humano; faz com que esse sinta mais simpatia pelo outro”. Não é, por conseguinte, uma fórmula mágica, que garanta tanto pragmatismo contextual. Por isso, pesquisa é pesquisa, você pode, e muito bem, comprovar a veracidade e visitar a dualidade reflexiva, quando escolher um conto ou romance e começar a degustá-lo com olhos acessos. Acaso lhe seja matéria de interesse, pode visitar www.pensamentoconteporaneo.com. Ver-nos-emos noutra margem, desde que trazemos caminhos diversos, com pontos interceptivos!
Angola, Saurimo, 14/08/2020