O QUE É UMA FAMÍLIA SENÃO O MAIS ADMIRÁVEL DOS GOVERNOS?
Nesta última semana comemoramos a Semana Nacional da Família no Brasil. E em um momento de pandemia e isolamento social como a que vivemos, muitos de nós temos a oportunidade de estarmos ainda mais próximos dos entes queridos e conviver com muito mais intensidade a prática familiar. Em contrapartida temos, não raramente, observado certa intolerância quando tratamos de convivência em família. Isso quer dizer que há pais e filhos que habitam em um mesmo ambiente e mesmo assim não conseguem encontrar oportunidade para falarem uns com os outros em um tempo de qualidade por vários motivos, entre eles: o cultivo exacerbado de vida virtual na internet, em aparelhos celulares, por exemplo. E como a vida anda muito imediatista, há quem não mais valorize a voz de um pai ou de uma mãe no conselho aos filhos. As referências de respeito, por vezes, tem sido “Youtubers” que apresentam um mundo excêntrico e diverso dos valores familiares. Vale dizer que tudo parece mais importante do que o olhar dos pais ou as necessidades dos filhos. Ainda assim já pude ouvir lamentações e arrependimentos de pessoas maduras que no presente dariam tudo para poderem olhar e ouvirem seus pais novamente, pois quando na jovialidade tinham oportunidade e não valorizavam o momento ao lado deles. E hoje esses pais, por vezes, já estão em outro plano espiritual. O religioso e pedagogo francês, Henri Lacordaire nos capitula que “o que é uma família senão o mais admirável dos governos?”.
É em família que verdadeiramente aprendemos a conviver em sociedade. Na família tudo deve ser compartilhado. Pais e mães devem estar atentos a todo o momento com o que os filhos dizem e fazem. É possível também conceber a postura de pais relapsos nessa condução tão nobre da criação e educação da prole. Há pais e mães que definitivamente terceirizam a educação e o direcionamento da vida dos filhos. O ambiente familiar sem dúvida deve ocorrer de forma natural e saudável. Contudo os pais, que são os mentores em casa, devem compreender que cuidar não significa apenas fazer as vontades dos pequeninos. Muito pelo contrário, é preciso ter pulso firme para que os filhos possam desenvolver pensamentos e atitudes decididas perante a vida, perante o seio social que enfrentarão mais cedo ou mais tarde. Pais não criam os filhos para si e sim para o mundo. E para encarar os reveses da vida é preciso estar preparado! Uma criança ou um adolescente deve receber o SIM e o Não na hora certa! A força emocional e psíquica de cada um também é forjada assim! Disciplina, respeito, fé e valorização da vida se desenvolvem também quando os filhos compreendem que são parte de um núcleo familiar e que cada qual tem uma função a cumprir em seu ambiente de convivência e, que há prêmios, mas também limites. Para o filósofo e escritor romano Sêneca, “a natureza nos uniu em uma imensa família, e devemos viver nossas vidas unidos, ajudando uns aos outros”.
Quando se pensa em família, se pensa em amor, em esperança e em um lugar em que a vida vale a pena, pois ali deve haver sinceridade, carinho, atenção, afeto e, sobretudo verdade! É na família que aprendemos a confiar; aprendemos a perdoar, aprendemos a amar e ser amado! Na família incontestavelmente não deve haver espaço para a maldade, para o rancor e para a infelicidade. Há percalços, há obstáculos e dificuldades, mas o amor e o perdão devem vencer todo tipo de amargura! A família é a célula maternal da sociedade! Quando verdadeiramente tivermos pessoas bem formadas, bem amadas e seguras em virtudes e valores, indubitavelmente teremos com grande desenvoltura uma sociedade mais justa, cidadãos mais conscientes e proativos em seu papel humano, espiritual e em prol do bem comum.