O QUE É MAIS ADMIRÁVEL ENTRE OS MORTAIS?

O que é mais admirável entre os mortais?

Assim questionado, respondeu o filósofo grego Aristipo, da escola cirenaica: "Um homem virtuoso entre os muitos estragados".

A mais excelente das virtudes é a amizade consagrada, a que fica distante do esquecimento e sinaliza o que é limpo, sem desvios em sua linearidade sincera, guardada no sacrário do coração como pedra preciosa mais valiosa.

Sendo subjetivo, o conhecimento é percepção individual de cada ser humano. E percepções não podem ser comparadas, cada um guarda a sua, elas são únicas, sensorialmente únicas.

É difícil mudar equação tão longeva. E esse “estragado” que reportou o pensador cerca as personalidades de inúmeros “estragos”. Entre eles dificultar a amizade e reduzir-se à solidão. A amizade traz luz e conhecimento. E essa luz não se apaga pela distância dos amigos.

Não se pode pedir compreensão a quem não compreende, sabedoria aos que estão fechados para aprender, educação aos que não se educaram, civilidade a quem não se civilizou, e amizade a quem não pode ser amigo. São valores definitivos que se fecham em insulados princípios.

Os não virtuosos são levados à solidão, não a que faz crescer, como nos monges, mas a que leva à doença da alma e da mente. E ficam ausentes de amizade, necessidade humana.

Enredam hábitos singulares, os pecados do “caput”, da cabeça, como a inveja, mãe do egoísmo.

Egoístas traem a todos, não lhes compete valor que não seja em benefício próprio. Nada têm a doar, amizade é doação incondicional.

Precisamos ver onde está a virtude e lhe dar curso, aumentar a rede de amizade de quem recepciona e troca interlocução que edifica, e é virtuoso. Para melhorar o mundo é uma grande forma de humanismo.

Quando alguém está longe da virtude, isto fica claro para quem a tem, os opostos avistando-se ficam mais claros.”Extrema si tangunt”; os extremos se tocam.

São Bernardo, ensinava: “Uns sabem só para serem sabedores, e é soberba; outros sabem para serem sabidos, e é vanglória; outros para ganhar, e é avareza; outros para se edificar; e é prudência; outros finalmente para edificar o próximo, e é caridade”.

Creio que muitos estacionem nas duas primeiras classes e poucos cheguem nas duas últimas.

O virtuoso, por todos os motivos, nunca será só, promove a amizade, é antes de tudo caridoso.

Ontem a turma da formatura de 1968, UFF, Federal Fluminense, a qual pertenço, sacraliza esse movimento virtuoso, e o faz por meio de quem coloca no extremado pódio da amizade uma das precípuas razões de viver; Maria Alice Toledo Gaspar, nobre colega e amiga. Em homenagem a essa singular personagem, manifesto a todos minha alegria ainda que virtualmente no convívio dessas novas interlocuções. E memorizo em intenção o respeito e admiração pelos que se foram.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 15/08/2020
Reeditado em 22/08/2020
Código do texto: T7036001
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