(Minha filha - meus mais ricos momentos dessa minha existência. Porta-retratos imaginários pregados na minha alma)


ESSA BREVE EXISTÊNCIA

As vezes a vida me pega fundo. São momentos difíceis de serem explicados. Mas de repente me vem aquela profundidade da existência, do "estar aqui", do "sentir", e do pleno entendimento disso tudo.
Começo a pensar demais na vida, e no significado de cada coisa que nela acontece.
Sempre acreditei que nada nesse mundo é por acaso. Nada. Não sei se chamaria isso de misticismo ou fatalismo.
Mas não é aquele fatalismo das coisas ruins. Acho que então, do meu modo, virado para o fatalismo das coisas boas - essas coisas que encontramos em nossa rotina de repente e que mudam totalmente nossa vida.
Na verdade, fatalismo é por quem toma de modo passivo os eventos não tendo a crença de que pode exercer um papel na sua modificação. Mas eu acredito que podemos sim, modificar. Não acho que o destino é fixo e inexorável. Alias, nada nesse mundo é.

Acredito no sorriso, um abraço, um olhar. Um novo emprego, o mesmo emprego com uma diferente visão, uma nova pessoa que conhecemos. Pode ser olhar pela janela e ver as folhas das árvores balançando Meu vizinho abrindo a porta de seu carro. O carteiro chegando. O caminhão do UPS. Qualquer coisa nova.
E eu olhar na parede os quadros com as fotos de minha filha pequena. Me deter na minha foto de casamento, voar no tempo.
Tanta coisa...chama-se VIDA.
Não é somente o que acontece. Mas aquilo que já aconteceu. Que ficou. Que parou no tempo e congelou na nossa lembrança
Um ímpeto de lembrar. Uma vontade de perpetuar. Lembranças tão nossas, que ninguém consegue tirar. Fazem parte de nos.

A vida passa tão depressa. Frasezinha tao comum, mas tão verdadeira. Passa num piscar de olhos. A gente pisca e amanhã e Segunda-feira. Pisca de novo, e estamos no fim de semana.
Bonito uma vez o que li sobre Nietzsche quando diz que as situações sao ciclicas, portanto é difícil interpretar a vida, se iludindo que podemos nela agir. Mas escreveu que é preciso aceitá-la com uma simplicidade infantil. Que bonito achei isso: simplicidade infantil. Que bom se pudessemos todos nos agirmos com essa simplicidade, ingenuidade, transparencia e crenca.
Inverno, Primavera, Verão, Outono, Inverno...ciclo rapido. Ciclos que temos que viver com toda a intensidade.
Viver tudo com grande vontade. Porque tudo é breve. O agora é breve. O daqui a pouco sera breve. O amanhã é breve.
So não é breve aquilo que eternizamos dentro de nos. Momentos que nunca esqueceremos. Porta-retratos imaginários pregados na nossa alma. Suspiros. Choros. Risos. Gestos. Alegrias. Emoçoes.
Há gestos que ficam eternizados. Como aqueles filmes de "slow motion"...quando os passos pesados batem no chão frio diversas vezes para alcançar o destino.

Há olhares que sao perpetuados no silencio, quando comungamos o encontro com o nosso eu. Momento tão cheio de profundidade. E nos satisfaz tanto como comer algo que gostamos. A "refeicão da alma".
Gosto desses encontros, onde solitários, mostram-nos tantas coisas que em minha vida foram importantes. São importantes. Tantas coisas significativas, tantas coisas maravilhosas.

Deus me deu tantos presentes. Presentes valiosos. Sempre fui abençoada com presentes únicos, mas queria meu Deus, que Você soubesse, o quanto os aprecio! O quanto são eles importantes para mim a cada momento de minha vida.
Como este, quando fui para o Brasil e encontrei minha turminha que trabalhei na Johnson & Johnson:


Assim como ela, tantas datas, e tantos encontros.
Toda nossa vida é dividida em fases. Pedaços de momentos, de sonhos, de alegrias, de tristezas, de solidão.

"Nao se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento".

"Perder-se também é caminho".

"Todos os dias quando acordo vou correndo tirar a poeira da palavra AMOR"

(palavras da Clarice Lispector)

Tantas coisas leio que tento colocar dentro de mim.

No entanto, o livro mais efetivo, é aquele do dia a dia. Da vivencia de situacoes, do conhecimento de novos sentimentos. Do entregar-se. Do confiar. Do aprender. Do pisar no chao todos os dias, sem medo. Como é dificil!

De vez em quando me assalta um medo muito grande de tudo, logo penso: "nao posso ter medo do que nao sei. Por que teimamos em nos amedrontarmos com a "tela em branco"? Isso que é o futuro, uma tela em branco.

Por que teimamos em sofrer com o que nao aconteceu ainda? Por que somente lembramos de viver o AGORA quando somos acometidos de alguma doença, ou enfrentamos algum problema sério? Por que nao viver AGORA cada dia, com cada detalhe de felicidade?

E para terminar deixo um pensamento do famoso Filósofo Inglês, Bertrand Russell:

"Para sermos felizes, devemos deixar de lado a certeza da nossa breve existência. Precisamos nos considerar como parte de uma corrente contínua que corre desde o primeiro germe até um futuro remoto e desconhecido".

Um dia ainda eu vou deixar de pensar nessa breve existência...


 
Mary Fioratti
Enviado por Mary Fioratti em 12/08/2020
Reeditado em 12/08/2020
Código do texto: T7033229
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