O paciente social
Estilo drama, um filme antigo, e a cabeça rebobinando as cenas de uma época que a história tinha um dia feliz. Não precisava contar até 100, gritar dentro de um saco ou morder as almofadas. Bastava o dia raiar para ter um encontro, não com Fátima Bernardes, mas com as horas de felicidade. Cada mergulho era um flash, e o tempo tinha engessado as pernas, corria devagar. Um tempo sem estresse, sem correria, sem agonia; sem atalho para um desencontro. E a expressão crise nervosa, era um bicho de sete cabeças. Um monstro sem rosto, corpo e espaço; sim, porque os ataques e faniquitos eram raios de trovões, em dia de chuva, que passavam de repente, e logo eram esquecidos. E o arco-íris era um ótimo tranquilizante. Naquele tempo, a natureza era a medicina, o médico e o monstro. Entretanto, o homem enlouqueceu, pirou na vaidade e colocou-se no centro das atenções; descobriu-se detentor dos elementos. Quis mais do que precisava, acumulou preocupações, e tornou-se paciente. Impaciente com as escolhas, sem braços, sem pernas e mãos, a cabeça virou uma inequação matemática. O descontrole emocional é a variante que foge do objetivo desejado, e determinar uma certeza que satisfaça o ego, é uma incógnita. Nada é previsível na sociedade do caos, principalmente, quando os valores morais e éticos estão entrando em colapso.