Uma corporação chamada Universidade Pública
Existem dois conceitos bem arraigados entre nós brasileiros, segundo os quais a simples existência de uma universidade implica em um bem de alto valor para a Sociedade e que um diploma universitário é por si só, suficiente para tornar o indivíduo mais capaz e mais útil para a coletividade.
Esses conceitos errados, são entre outros, responsáveis por um marasmos no nosso desenvolvimento social e intelectual, na medida em que, endeusada uma instituição, ela automaticamente está livre de fiscalização e cobranças por parte da Sociedade.
Essa situação é resumida de forma clara e categórica por Dennys Garcia Xavier em seu livro “Ayn Rand e os devaneios do coletivismo”. Conhecendo razoavelmente a estrutura que dá suporte a essa anomalia, as universidades públicas, faço minhas as palavras dele. Ele diz: “Em primeiro lugar, a estrutura pensada para as Instituições Públicas de Ensino Superior (IPES) é o que poderíamos denominar “entrópica”. Com isso quero dizer que passam mais tempo a consumir energia para se manter em operação do que a fornecer, como contrapartida pensada para a sua existência, efetivo aperfeiçoamento na vida das pessoas comuns, coagidas a bancá-las por força de imposição estatal. Talvez fosse desnecessário dizer, mas o faço para evitar mal-entendidos: não desconsidero as contribuições pontuais e louváveis que, aqui e ali, conseguimos divisar no interior das IPES. No entanto, não é esse o seu arcabouço procedimental de sustentação. Os exemplos de desprezo pelo espírito republicano e pelo real interesse da nação se multiplicam quase que ao infinito: Universidades e cursos abertos sem critério objetivo de retorno, bolsas e benefícios distribuídos segundo regras pouco claras – muitas vezes contaminadas por jogos internos de poder político –, concursos e processos seletivos pensados “ad hoc” para contemplar interesses dificilmente confessáveis entre outros.”
No que o autor se refere a “interesses dificilmente condessáveis” eu traduzo como “corrupção correndo solta”.
Acostumamos a focar a ineficiência e defesa de interesses escusos apenas na figura dos políticos, porém esses males estão mais entranhados nas estruturas do país do que se pode perceber numa análise superficial baseada apenas nas informações da imprensa, a qual não temos como avaliar o quanto estão também comprometidas com o “sistema”.
Quando a população faz eco a lugares comuns como “investimento em educação”, “expansão do ensino superior”, “universidade pública e de qualidade para todos”, etc., ela nada mais faz do que dar aval para mais um mal entre tantos que “nos comem pelo pé”.
Infelizmente, há mais podridão entre o chão que pisamos e o céu que almejamos, do que nossa humilde condição de “cidadão” pode imaginar.