AMBIENTE AJARDINADO
AMBIENTE AJARDINADO
O que se vê ou se sente num jardim é algo agradável aos olhos, à alma. Algo de aprazível a quem o contempla. Pela manhã ou pela tarde, alguém senta-se num de seus bancos, e logo ao correr as vistas no ambiente ajardinado, se encanta com as plantas, com a grama viçosa, com as árvores floridas e às vezes frutíferas, apesar da natureza vegetal alí, ter sido plantada, para viver em harmonia com o projeto urbanístico da praça. Para quem não mora no campo ou não o visita, a fim de sentir de perto a sua paz constante, sendo um morador mais adaptado em viver nos centros urbanos, penso que não há lugar mais pacífico para alguém estar, do que numa praça ajardinada. As cidades não podem e não devem projetar-se, nem edificar-se, sem que as áreas verdes lhes sejam reservadas; e mesmo em algumas residências e nos modernos condomínios, a vegetação está presente, mesclando-se harmonicamente com as habitações urbanas. Em algumas dessas cidades, inclusive, além da presença saudável dos jardins, existem também num espaço mais amplo, os parques e os bosques naturais. As gentes assim, mesmo habitando nas selvas urbanas, por serem assíduas frequentadoras das áreas verdes, vivem mais, são mais saudáveis, sentem-se mais felizes, porque aspiram o ar puro da natureza vegetal. Como agrimensor, máxime, nos primeiros dez anos, eu fiz muitos serviços na zona rural. Chegava mesmo a passar vários dias no campo, desenvolvendo inúmeras atividades vinculadas à minha profissão. Vivi desse modo, em contato frequente com o ambiente campestre, lidando e admirando as árvores, os bichos, os cursos d'agua, bem como as serras, boqueirões, vales, enseadas, etc. Dessa forma, aprendi a amar a natureza campesina, por minha atuação como profissional de agrimensura. Tanto que, se não fosse uma pessoa simples, não me adequaria em abraçar tal ofício, tendo que me acomodar, mesmo que interinamente, em lugares e casas rústicos, e conviver com as gentes simples habituadas à vida no campo. Por causa dessa convivência, eu encontro sempre um motivo espontâneo pra citar a natureza em meus textos; e também certamente, porque eu posso ter sido um camponês em outras vidas, tamanha é a minha intimidade com a vida campesina. Alguém que chega num jardim para desfrutar de alguns instantes de descanso, de lazer, encontra nele sempre o sossego, a serenidade que lhe predomina; contrastando com o barulho e bulício dos veículos e das gentes que trafegam e transitam pelas ruas e avenidas centrais das cidades. O jardim assim, parece com o mar calmo, após sacudir-se por terrível tempestade. Ou semelha-se com o dia ameno, mostrando a beleza do céu azul, luzídio de sol, depois de ser acometido por raios, trovões e pesadas chuvas. Pode-se desfrutar da paz do jardim, alguém que está sozinho, alguém que está junto com os amigos, ou os casais que se deleitam num amor recíproco. Não há quem não se sinta bem, estando num jardim, podendo nele, aprazer-se com o cheiro mavioso das flores, com o canto melodioso dos pássaros, com o vento balançando os galhos das árvores, com a paz que o ambiente ajardinado oferece aos que lhe frequentam. Hoje eu não vou mais ao campo, mas quando ia exercer o meu ofício, era como se tivesse também passeando, sentindo um imenso prazer por estar diante daquela exuberante beleza natural. Enquanto trabalhava, não conto as vezes que fiz anotações, movido pela inspiração do que via, para depois escrever algum texto. Em outro momento, me aprazia, banhando-me em alguma fonte, numa cascata ou em algum rio. Como não vou mais ao campo, entretanto, o campo sempre me aparece em sonhos, fruto de minhas situações vividas como profissional, ou através de minha alma desdobrada, que, fã ou admiradora da vida campestre, passeia por alguns momentos, ora volitando ora andando, pelas cercanias rurais. Após tantas andanças, porque a profissão exigia que me deslocasse para vários lugares, tanto rurais como urbanos, eu me tornei um homem caseiro, por assim dizer, um homem doméstico; e não é porque estou no limiar da fase idosa, visto que, tem muito idoso que não suporta ficar em casa muto tempo; tem que sair, tem que bater perna quase que diariamente, como se tivesse que resolver algo em algum lugar no centro da cidade ou no bairro onde mora. No meu caso, não. Eu gosto de ficar em casa. Me sinto bem em casa. O lar agora (não é que antes não fosse), é o meu refúgio predileto. Quarentena pra mim, no bom sentido, é algo normal, porque não tenho nenhuma dificuldade em a exercer. Contudo, quando é preciso eu saio: pra resolver alguma coisa; pra fazer minha caminhada; pra visitar um amigo, um parente; ou então, pra visitar as áreas verdes da cidade. Gosto de sentir o ar puro de um jardim, de uma avenida arborizada, de um parque ou de um bosque; gosto de sentar-me à beira de uma lagoa. Enfim, gosto de estar perto, de vivenciar a natureza vegetal morando num centro urbano. Sentir-lhe o sossego, a paz, a beleza natural em companhia de minha amada esposa.
Adilson Fontoura