HOMENAGEM AO MEU PAI.HOMEM DE BEM.RESPEITAVA AS LIBERDADES.EMAIL A UM AMIGO.

"Política e Pathos, vivenciada de forma muito peculiar por San Thiago Dantas e Augusto Frederico Schmidt.

No que diz respeito a San Thiago Dantas, podemos dizer que o episódio da rejeição do seu nome para Primeiro-Ministro, após renúncia de Jânio Quadros, foi um sintoma significativo do estigma, preconceito e representações acerca das suas ideias como Ministro das Relações Exteriores.

Esta rejeição ao nome de San Thiago traz consigo toda uma representação preconceituosa em relação ao autor por concebê-lo como comunista, subversivo. Tal representação, em certa medida, deve-se ao posicionamento defendido por San Thiago Dantas na formulação da Política Externa Independente, na qual defendia, entre outros aspectos: o princípio da não-intervenção; reatamento das relações diplomáticas e comerciais com a URSS; autodeterminação dos povos; não expulsão de Cuba da OEA (SERRA, 1991).

Diante de uma conjuntura política marcada pelo aguçamento das lutas de classes, radicalização do processo político, o posicionamento de San Thiago Dantas, não obstante o autor sublinhar que movia-se exclusivamente baseado no princípio “The Rule of Law”, foi percebido e sentido pelos segmentos mais conservadores e reacionários da sociedade brasileira como estritamente ideológico, no sentido pejorativo do termo, numa conotação esquerdista, de comunista.”

Pery, meu amigo, trancrevi uma parte de biografia de San Tiago Dantas, de bom elaborador, que depois, pelo expressivo conteúdo da matéria, te mando na íntegra. Aprecio como personagem intelectual, o parlamentar, advogado e homem público, criativo acima de tudo, um Carlos Lacerda invertido. Creio no seu credo de liberdades democráticas, que destaquei em negrito no seu discurso que enviei a você. Mas, paradoxos(!), não sei como um rotulado comunista possa ser democrático.

Se há cerceamento de liberdades, inexiste democracia “stricto sensu”. Para o “apaixonado ideológico” haveria democracia no comunismo, embora sem liberdade o cidadão. Se o maior bem, a vida, não pode exercer seu maior direito natural, a liberdade, a vida nada vale. É como a honra do honrado, para este nada vale viver sem aquela. E San Tiago Dantas era o desvão entre o intelectual e a política. É bom crer que o despojamento de parte favorece o todo, todos nós, inclusive eu e você, abriríamos mão dessa parte, tudo, porém, com liberdade.

Jorginho, certa feita, (nas suas mazelas) defendeu Fidel Castro nesses articulados que faz na internet. Contestei em artigo que rola até hoje (depois te mando) e disse a ele, em particular: queria que sua família, a irmã de sua mulher Ana, quisesse vir ao Brasil ver a família, a mãe, irmãos, e a filha que morava na casa dele, e de lá, da Venezuela onde mora não pudesse sair, o que vc acha? Calou a boca...

Almoçava todo dia com meu pai, em 1964, ele Presidente do Tribunal de Justiça RJ, recebeu telefonema do então Governador Badger Silveira, estávamos almoçando. Atendeu a empregada e disse: Doutor é o Governador que quer falar com o senhor. Papai disse para mim, acho que já sabia o que era: esse merda.... Ele queria, no auge dos conflitos, promovidos por comunistas, que papai decretasse feriado forense no Estado. Só ouvia papai gritar ao telefone, de jeito nenhum, de jeito nenhum..... Depois disse para mim, esse merda tá pensando que sou um vagabundo igual a ele, comunista e analfabeto.

É isso Pery, papai não era meu preceptor, era meu padrão e, na minha casa, ausência de liberdade era coisa de vagabundo, e pior, burro, por isso aprecio o lado de credo que descrê de San Tiago Dantas, que acho, era mais romântico do que político. Um abraço. Celso

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 08/08/2020
Reeditado em 08/08/2020
Código do texto: T7029670
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