Caso do motoboy: Transtorno mental x caráter
Um vídeo divulgado nas redes sociais nessa sexta, dia que aqui escrevo, flagrou um motoboy sofrendo ofensas racistas e sendo humilhado enquanto realizava entrega em um condomínio de luxo, na cidade de Valinhos, interior do estado de São Paulo. É possível ver o motoboy sendo chamado - por um homem de cerca de 30 anos de idade - de "lixo" e "semianalfabeto". O agressor diz ainda que o jovem tem "inveja da vida que as pessoas dali têm", e afirma que o profissional "nunca vai ter nada disso aqui". Em dado momento, o homem branco aponta para o braço e diz que o entregador negro tem inveja daquilo (cor branca), mas nunca poderá ter....
A família do homem agressor, após a repercussão, apresentou a versão de que o agressor sofre de doença mental e que "infelizmente, o portador de esquizofrenia não segue os preceitos da lógica".
Entendo o sofrimento dessa família também, do agressor por seu transtorno mental. Porém, é nítido que o agressor formula juízo de valor, emite significados construídos pela formação pessoal. Sendo este que escreve um profissional de saúde mental, faço lembrar: NÃO SE DEVE CONFUNDIR DESVIO DE CARÁTER COM TRANSTORNO MENTAL. Pessoas com ou sem transtorno mental se emitem julgamentos preconceituosos e racistas apresentam qualidades perversas que vem da educação, do caráter.
Para fechar circo de horrores as "pessoas de bem" das redes sociais conseguiram colocar como assunto mais comentado no twitter o termo "gordo", em referência à aparência física do agressor do caso relatado. Eita! Usar da aparência física para atacar alguém cai no mesmo artífice do agressor. E assim fica alimentado o ciclo do preconceito.