ARTE LITERÁRIA

ARTE LITERÁRIA

Agora que estou aposentado, tendo todo tempo pra ficar sem fazer nada, sobretudo, sem que precise me ocupar com alguma atividade profissional; entretanto, alguma coisa útil é interessante fazer, que me preencha o tempo disponível. No meu caso, lógico, por aptidão, eu gasto uma parte desse tempo com a leitura e com a escrita. Qualquer arte, se é feita com amor, satisfaz de modo pleno quem a faz. Diz-se que, quando o artista mostra sua arte, ela lhe é inata. E o é realmente. Mas isso não quer dizer que ele não a aprenda, seja no plano espiritual ou seja fruto de experiências vividas em outras vidas. E, se em dada encarnação ele é programado para a revelar de novo, terá, por assim dizer, de reaprendê-la, de relembrá-la, ocorrendo assim, com o tempo de exercício do ofício, a qualidade artística, resultante do aprimoramento criativo, ao longo das sucessivas encarnações. Mas de que arte eu falo, de que ofício eu abordo, de que atividade aqui eu trato? É do que se aprende na escola e com os anos de estudo se especializa em algum campo do conhecimento, para o exercer profissionalmente? É evidente que, qualquer pessoa que goste de aprender, que tenha vocação ao estudo, à pesquisa, seja na escola ou como autodidata, adquire o saber preciso, melhorando a capacidade intelectual e gerando boas condições pra sustentar-se e a sua família, exercendo a profissão de sua predileção, tem um valor sentimental significativo. Todavia, têm dadas atividades, dados ofícios, dados artesãos, que se destacam no que exercem, não porque passaram alguns anos na escola aprendendo, mas porque trazem no Espírito o dom, a aptidão, o pendor natural para escrever, para pintar, para esculpir, para compor, para tocar, para cantar, para representar, etc. São os chamados artistas, que usam a criatividade imaginativa para desenvolver a sua obra de arte. Cada artista, geralmente, ou é simples ou é excêntrico em seu modo de ser. O amor ao que faz, de tal forma lhe é predominante, que lhe frustra, se, por qualquer motivo, fica sem fazê-lo. Eu, por exemplo, como um artesão da palavra escrita, no dia que não escrevo um texto em prosa ou verso, por estar ocupado com outras coisas, mesmo estando aposentado, mas gastando o tempo lendo um livro interessante, envolto em oportunos momentos reflexivos, tendo que resolver questões pessoais, auxiliando minha esposa nos afazeres domésticos, saindo com ela pra fazer algumas compras, ou qualquer outra situação que me impeça de escrever, de desenvolver um texto literário, sinto falta da arte que abraço, da arte que amo exercer, da arte que me envolve como um auxílio precioso à minha disposição pra viver, da arte que me edifica, me espiritualiza, da arte que se oriunda do meu Espírito e faz parte dele desde épocas remotas, desde outras vidas, e continuará me acompanhando, esteja encarnado ou desencarnado, como um produto de minha imaginação criadora, transformando as paisagens interiores e exteriores em vocábulos escritos, materializando-se como arte literária em minha consciência artística eterna.

Adilson Fontoura

Adilson Fontoura
Enviado por Adilson Fontoura em 07/08/2020
Reeditado em 19/10/2020
Código do texto: T7029018
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