PLÁGIO É ROUBO!
Minha infância transcorreu dentro de uma educação bastante rígida, não evitando, porém, que eu e o meu irmão um ano mais velho, cometêssemos toda espécie de "infrações" possíveis e imagináveis, dentro do sistema que nos impunham.
Uma vez, querendo comprar doces e guloseimas, para nós e também para os amigos, forçamos a fechadura de uma escrivaninha de meu pai, onde ele guardava coleções de lápis, chaveiros, flâmulas e outras coisas que não lembro; pegamos várias peças e vendemos por uma ninharia, para satisfazer a nossa gula.
Já dá para imaginar a reação do meu pai quando descobriu. Levamos uma bela surra e ganhamos um caderno onde cada um deveria escrever mil vezes a seguinte frase: "Nunca mais roubarei".
Incrível como aquele fato nos marcou!
Passados alguns anos, na década de oitenta, eu, que gostava muito de livros de auto-ajuda, li quase todas as obras de Joseph Murphy
(autor de "O Poder do Subconsciente").
A partir daí, passei a ter uma idéia mais ampla sobre o ato do roubo. Através das palavras desse pastor americano, fui percebendo como roubamos quase sem perceber que o fazemos.
Aprendi que roubar não é só tirar algo material que não nos pertence, mas também, num sentido mais amplo, roubar o sossego das pessoas, roubar a privacidade, roubar a inocência e daí para a frente.
Então, um dia desses li um artigo comentando sobre o plágio – ato de copiar criações de outras pessoas e impingi-las a si próprio.
Refleti bastante e percebi o quão covarde é esse ato.
Apropriar-se de uma música, texto ou qualquer obra de criação é querer apropriar-se da própria essência do artista, daquilo que ele tem de mais profundo e caro; quase como se houvesse a intenção de roubar-lhe um pedaço da sua alma.
E o pior é quando o ladrão - sem coragem para plagiar o texto inteiro - plagia pedaços dele para enganar os incautos, nesse caso tirando até mesmo a chance de o lesado salvaguardar os seus direitos de autor, haja vista a dificuldade da identificação, localização e comprovação da fraude. Enxertando retalhos de textos deste ou daquele autor, o plagiador vai recriando uma nova obra que, à primeira vista, pode parecer brilhante, mas, como tudo que é falso não dura , com o tempo a casca dourada vai descascando, deixando à mostra a ferrugem da desonestidade.
O triste é que o plagiador, querendo se notabilizar, com uma construção de sucata, não se dá conta de que jamais conseguirá o sucesso almejado, pois não conhecerá nunca a qualidade maior do artista, que é adquirir estilo próprio.
Não há como adquirir estilo a partir de peças esparsas, montadas sobre o alicerce da mentira e do roubo.
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