“Bolsominions são demônios”* (04/08/2020)

A mais nova composição do cantor paraibano Chico César está dando o que falar. A música, que circula nas redes sociais, diz que “Bolsominions são demônios que saíram do inferninho direto pro culto para brincar de amigo oculto com satã no condomínio”. Não questiono a composição, do ponto de vista estético e performance melódica, ou mesmo o artista já consagrado, pois a licença poética lhe dá permissão para passear por onde quiser... E até entendo a contextualização política de acirramento e polarização eleitoral. Em tempos de Ditadura Militar várias canções denunciaram o autoritarismo com melodias contrárias ao regime instaurado num país que mais oprimia que libertava.... Por causa disso, muitas vozes foram caladas e artistas tiveram que ser exilados. Um dos maiores hinos de resistência popular daquela época, “Pra não dizer que não falei das flores”, de Geraldo Vandré, foi censurado. Sua letra convidava o povo a resistir, unir forças e lutar, porém sem usar de violência. Acho que a arte tem mesmo esse poder de arregimentar pessoas; de mudar comportamentos; de fazer com que pensemos a nossa existência e que marchemos feito resistência para mudar a nós mesmos... - Mas, só assim conseguiremos, não pelos mesmos motivos de ódio. Perdoe-me, Chico César.

*Os Minions, são ajudantes amarelos do vilão Gru, no filme de animação: “Meu malvado favorito...” Aqui no Brasil, eles foram usados como referência para batizar os seguidores de Bolsonaro, chamados em tom irônico de "Bolsominions". Em artigo do site Extra, de abril de 2016, o jornalista Felipe Pena comparou os fãs de Bolsonaro aos Minions*, dizendo que "seguem o líder, a quem chamam de mito, e dão vazão aos recalques narcísicos atacando as diferenças de grupos que elegem como rivais".

Misael Nobrega
Enviado por Misael Nobrega em 04/08/2020
Reeditado em 27/02/2023
Código do texto: T7026021
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