Pelos dedos
O destino prega cada peça, e o tabuleiro da vida não é para o cidadão sem ginga. O jogo de cintura para o indivíduo, que teve a emoção perdida, é uma carta na manga. Ele tem que saber lidar com o samba sem pandeiro, sem Zeca Pagodinho e Martinho da Vila. Só no sapatinho, debaixo do salgueiro, vestido de verde e rosa à espera do último suspiro de coragem. Uma força sobrenatural reveste a cara pálida, desbotada de motivação, e aos poucos a cor escarlate preenche os poros. O que estava desencontrado começa vir à superfície; é a vontade que bate à porta, pois o orgulho saiu de cena. O velho moinho dos nós desatou o laço da incerteza; é tempos de recomeço, de novos achados, de horizontes nunca notados. É sinal de que nada está perdido, nem mesmo os idos, e quem perdeu, pode ganhar. Às vezes, é o melhor a se fazer; romper com o passado, rasgar os sentimentos, e colar os pedacinhos do que já era, é função das lembranças. O que escorreu pelos dedos, o vento levou; mas o que ficou retido no coração é imune aos labirintos.