SABENDO CONVIVER
Pelas conversas ouvidas por aí e principalmente por aqui, a insônia é o grande mal do momento – aforante o Corona, naturalmente. Eu, até um dia desses, julgava-me imune e creditava minha intimidade com Morfeu à tranquilidade de espírito. Sem me importar com o disse me disse dos noticiários e não me descuidando dos protocolos (palavra da moda!) nem precisava de travesseiros; recostava minha cabeça na placidez dos braços do deus dos sonhos.
De uns dias para cá comecei a notar, pela manhã, minhas cobertas revoltas. Sinal do vira pra lá, vira pra cá, durante a noite. Como minha vida ultimamente tem sido na base do velho samba canção do ninguém me ama, ninguém me quer... pensei: aí tem coisa!
Não deu outra. Era o sono agitado, entremeado por sonhos absurdos e pesadelos causados pelo rádio ligado durante toda a noite. A cada notícia ouvida, o subconsciente criava cenários e os atores eram velhos conhecidos. Aquelas coisas sem pé nem cabeça. Resolvi deixar o rádio de lado. Dormia tranquilo e só me acordava no meio da madrugada para atender aos reclamos da micção. Coisas de diabético.
E assim foram passando os dias sem me dar conta se era dia de sextar ou lamuriar pela segunda-feira. Dei, então, nova denominação aos dias da semana; que dia é hoje? Hoje é hoje. E o amanhã será o hoje de amanhã. Fui vivendo. Chega uma hora, porém, que a caixa d’agua que suportava baldes e baldes agora transborda com um pingo que cai da goteira. É debalde insistir. Apenas não faça marola para não se afogar.
Foi o que fiz. Adotei novos hábitos, busquei gotas de sabedoria e me pus a sovar pão. Sem sofreguidão. Seguindo a sabedoria italiana do piano piano se va lontano.
Cheguei lá. À insônia, ao deitar. Se antes o sono tinha seus agitos criados pelo subconsciente, mas chegava logo ao deitar, hoje faz rodeios, ameaças e espera o cansaço me abater. Mas eu me vingo. Deixei de ingerir líquidos ao deitar e transferi a fase dos sonos profundos para o horário da manhã. Refiz a agenda: café da manhã na hora do almoço, almoço no lanche da tarde e lanche da tarde ao jantar. Novos hábitos, nova vida. Na contabilidade, uma refeição e gramas a menos.
Na espera do sono, desfile de paisagens, situações e pessoas. Faço do limão, uma limonada. Novas histórias para contar.
Pelas conversas ouvidas por aí e principalmente por aqui, a insônia é o grande mal do momento – aforante o Corona, naturalmente. Eu, até um dia desses, julgava-me imune e creditava minha intimidade com Morfeu à tranquilidade de espírito. Sem me importar com o disse me disse dos noticiários e não me descuidando dos protocolos (palavra da moda!) nem precisava de travesseiros; recostava minha cabeça na placidez dos braços do deus dos sonhos.
De uns dias para cá comecei a notar, pela manhã, minhas cobertas revoltas. Sinal do vira pra lá, vira pra cá, durante a noite. Como minha vida ultimamente tem sido na base do velho samba canção do ninguém me ama, ninguém me quer... pensei: aí tem coisa!
Não deu outra. Era o sono agitado, entremeado por sonhos absurdos e pesadelos causados pelo rádio ligado durante toda a noite. A cada notícia ouvida, o subconsciente criava cenários e os atores eram velhos conhecidos. Aquelas coisas sem pé nem cabeça. Resolvi deixar o rádio de lado. Dormia tranquilo e só me acordava no meio da madrugada para atender aos reclamos da micção. Coisas de diabético.
E assim foram passando os dias sem me dar conta se era dia de sextar ou lamuriar pela segunda-feira. Dei, então, nova denominação aos dias da semana; que dia é hoje? Hoje é hoje. E o amanhã será o hoje de amanhã. Fui vivendo. Chega uma hora, porém, que a caixa d’agua que suportava baldes e baldes agora transborda com um pingo que cai da goteira. É debalde insistir. Apenas não faça marola para não se afogar.
Foi o que fiz. Adotei novos hábitos, busquei gotas de sabedoria e me pus a sovar pão. Sem sofreguidão. Seguindo a sabedoria italiana do piano piano se va lontano.
Cheguei lá. À insônia, ao deitar. Se antes o sono tinha seus agitos criados pelo subconsciente, mas chegava logo ao deitar, hoje faz rodeios, ameaças e espera o cansaço me abater. Mas eu me vingo. Deixei de ingerir líquidos ao deitar e transferi a fase dos sonos profundos para o horário da manhã. Refiz a agenda: café da manhã na hora do almoço, almoço no lanche da tarde e lanche da tarde ao jantar. Novos hábitos, nova vida. Na contabilidade, uma refeição e gramas a menos.
Na espera do sono, desfile de paisagens, situações e pessoas. Faço do limão, uma limonada. Novas histórias para contar.