Um dia, de um ano.
Um dia, de um ano.
Um dia, de um ano, em um planeta surgiu um vírus.
Como todo vírus, invisível.
E com uma particularidade de contaminar os humanos, rapidamente.
Começou, então, esse vírus, a contaminar, primeiro na China e depois se espalhou pelo planeta todo.
E o vírus, chamado por alguns de uma "gripezinha", começou a atingir um patamar assustador de contaminação e mortes.
E, mudou hábitos, mudou conceitos, mudou
a economia.
Acabou com os abraços, os beijos os apertos de mãos.
Fechou shoppings, cinemas teatros.
Interrompeu novelas, programas de auditórios.
Shows.
Fechou o comércio.
As ruas ficaram desertas.
Interrompeu voos, cruzeiros.
Fechou igrejas.
As praias, os parques.
Isolou os habitantes do planeta.
E sobrecarregou hospitais, os médicos, o pessoal da área da saúde.
E esse tal de vírus, invisível, contaminador e mortal, denominado por alguns, só alguns, terráqueos de "gripezinha", começou a desnudar vilões, heróis, canalhas, os que se importavam e os que não.
Os que trabalhavam, doavam, os que roubavam e os que menosprezavam
Ele veio tirar a máscara da alma e colocar a mascara no rosto de todos.
Desnudou a alma, cobriu o rosto.
O vírus da mudança.
O invisível tornando visível os hábitos.
O invisível tornando visíveis caracteres e dignidades.
Mostrando o Palácio, mostrando o porão.
Mostrando o canalha o ladrão.
Mostrando o prepotente, o imponente, os interessados em eleição.
Mostrando os corredores dos hospitais.
Mostrando a solidão.
Mostrando a desigualdade social.
A favela, a mansão.
O grito, o silêncio.
Mostrando a total vulnerabilidade da multidão.