De volta à mesmice

CONCORDO que sou mesmo um dinossauro, antiguado, caduco e obcecado por um samba de uma nota só, sempre de volta à mesmice.Sou um contra-corrente, dissidente eterno, repetindo a mesma ladainha entediante. Sei, ainda, que algumas pessoas leem o que rabisco por generosidade. Também sei que nunca serei campeão de audiência. Tanto porque não tenho talento, mas também porque o que escrevo desagrada a maioria. Admito que sou por assim dizer um expert em desagradar. Portanto, afirmo que não escrevo para agradar e nem me preocupa o fato de desagradar parte considerável das pessoas, as quais admiro e respeito. Vou continuar o samba de uma nota só, voltar à mesmice.

Quero deixar bem claro que concordo que houve avanços importantes no país nas ultimas décadas. Exemplo: os programas sociais e a consciência sobre o exercício da cidadania. Mas esses avanços não foram suficientes para que a maioria do povo vivesse com dignidade. A mim revolta, o vício do cidadão, principalmente da chamada classe média, de ser apenas mero espectador da cena social renunciando por completo ser um participante ativo da luta do povo por melhores condições de vida. A classe média parece não ter a emoção da solidariedade. Pior é a desculpa que se dá ante a miséria do povo: - Não tenho nada com isso, não sou político! Esquece esse pessoal da classe média que vive numa comunidade. Ninguém é uma ilha. São cristãos? São realmente cidadãos? Só se forcristão em compota e cidadão tabajara.

Continuo com o meu samba de uma nota só, com minha mesmice, mas do lado dos mais pobres. Não consigo entender como alguem não se comove com as dores dos outros. Sempre lembro da frase de Malraux: - Há mais dores no mundo doque estrelas no céu. Só que no Brasil essas dores são ainda maiores, principalmente agora com a andema e com um governo incompetente e maluco. Inté..

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 02/08/2020
Código do texto: T7024043
Classificação de conteúdo: seguro