Ipê amarelo

Ipê amarelo (José Carlos de Bom Sucesso – Academia Lavrense de Letras)

Em uma pequena frase, assim escrita:

- “É calor do mês de agosto, meado de estação”.

O inverno está no limite máximo, pois o mês de julho sempre promete ser frio, com geadas, nevoeiro, névoa, neblina e ventos secos soprando a nordeste.

Em uma manhã fria, no finalzinho do mês de julho, uma riqueza é vista por muitos, mas apreciada por poucos.

Entre árvores rodeadas de galhos e folhas secas caindo pelo chão, pois anunciam que o inverno dá sinais de despedida, a mais alta, a mais linda de todas as árvores solta a sua maior riqueza. Primeiro caem as folhas como pingo de chuva. Poucos dias depois, vão surgindo quase que repentinamente um, dois, três, quatro, cinco e mais cachos de flores amarelas. Pela cor, nota-se que representa a riqueza, o brilho, a beleza e a sensação de paz, de esperança, de um novo ciclo na vida para os seres vivos.

Pássaros, imediatamente, pousam em seus grandes galhos, pois a abundância de flores sempre traz a esperança de alimentos e talvez um prazer em ficar ali apreciando a linda beleza natural.

Em poucos instantes, nota-se a presença de vários insetos. Abelhas voam de flor em flor para capturar o néctar e o transformar em ótimo e delicioso mel. Vespas, com os temidos ferrões, voam tranquilamente por toda a florada. Devem estar fazendo a patrulha constantemente, porque as flores são lindas e nenhum ser humano ousa apanhá-las somente por prazer. Borboletas e mariposas dão uma breve passada nas flores. Vão admirar o quanto a natureza é linda e que as flores ali contidas são um presente de Deus para os seres. Vão voando pausadamente e devem estar comunicando entre si as maravilhas.

O vento começa a soprar mais forte. Nuvens são formadas ao longo do dia, mas são nuvens de ventos úmidos vindos do oceano. Os ventos também querem apreciar as flores do lindo ipê. O sopro do vento é tão forte, mas fraco para as flores, que em um bailar tão compassado, fazem lindas coreografias. Vão dançando a mais linda dança e acompanhadas de uma ópera eterna. Erguem-se para um lado, consertam para o outro e assim eternamente, naquele momento, estão na pista de dança como se estivessem apresentando no maior concerto musical do mundo, sendo vistas por todos os habitantes da terra.

Timidamente, chegam dois pequenos beija-flores. Devem ser um casal, ou melhor, um recém casal, que vão buscar nas flores uma fonte de alimento e contribuírem para a formação de uma nova família. Vão voando de flor em flor. São muitas, mas em poucas horas eles visitam todas. Encontram com as abelhas e as vespas tentam expulsá-los rapidamente, mas eles não dão a mínima atenção. Vão voando e se comunicando entre si.

De uma parte mais alta, um casal de gavião observa tranquilamente a movimentação. Está de olhos abertos para um pequeno descuido dos beija-flores. Observa, mas não faz nada. Fica, ali, o casal planejando algo a ser feito mais tarde.

Pombos sobrevoam o local. Não pousam ali, pois as flores não lhes agradam. Fazem de esquecidos e observam atentamente o casal de gavião. Devem estar com medo.

Descuidadamente, algumas andorinhas voam rasante no local. Devem estar de olho nas vespas. Desistem, porém, pois o vento de calda está muito forte e elas facilmente perdem o equilíbrio e erram o alvo.

Timidamente, uma família de pássaros amarelos se camufla com as flores. Cantam alguns componentes umas canções que se entendem como se acha alguma coisa.

A manhã vai se passando. Pessoas passam ali apressadas. Algumas olham para cima e veem as flores. Não param, mas olham para cima. Refletem a beleza da natureza, contudo não se têm um pequeno tempo para apreciar. Veículos rodam pelas ruas. Ronco de motores, buzinas, pessoas anunciando venda de produtos. Enfim, a rotina da cidade.

O silêncio é quebrado quando se aproxima uma porção de maritacas. Elas chegam gritando e fazendo um barulho infernal. Pousam na copa das árvores e vão bicando a cada uma das flores, que lentamente vão caindo sobre o chão seco, acompanhado de folhas secas e uma gramínea fraca, pois o inverno é forte e tudo ali permanece seco.

A poucos passos do local, um fotógrafo observa tudo. Não se intimida de congelar as imagens a cada segundo. As pessoas o observam, mas a visão dele é somente para aquelas cenas que estão acontecendo lá do alto.

Enfim, as flores de ipê amarelo vão se abrindo. É marca de esperança para um novo tempo. A cor amarela representa a riqueza, a beleza de uma nova esperança de vida, pois a natureza presenteia a todo ser vivo a riqueza e também ensina a ter coragem para enfrentar que novos dias virão e novos desafios estão no futuro.

JOSÉ CARLOS DE BOM SUCESSO
Enviado por JOSÉ CARLOS DE BOM SUCESSO em 02/08/2020
Código do texto: T7024037
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