BELCHIOR

Notícias de Latino América – (30/08/09)

A primeira mensagem que abri hoje foi da Carmen. Ela dizia que atendendo meu pedido, vasculhou boates e casas noturnas da Cidade do México. Nada. Já desanimada, na última que entrou, anunciaram a atração: cantor brasileiro! É ele, pensou imediatamente. Um cara magérrimo, barbudo e de cabelos grisalhos apareceu com o violão a tiracolo. Começou a cantar. Sou caipira pirapora... Nossa Senhoora... Não, não era ele, não!

A mensagem de Sophie dizia que um sujeito meio esquisito foi visto andando a esmo pelas ruas de Port-au-Prince, por dias e dias, com um violão, sem lenço nem documento. Já nem sabia seu nome, somente que era latino-americano. Pedia que o chamassem de Caetano...

De Bogotá, veio a mensagem do Juan. “Deu no rádio e nos noticiários da TV que um rapaz latino-americano, sem dinheiro no bolso nem conta no banco, foi pego em Cartagena, tentando embarcar no Caribean Sea, prestes a rumar para um cruzeiro pelas ilhas da região. Carregando apenas sua mochila surrada e um violão, ele dizia ter sido contratado para shows a bordo. Detido, acabou-se por descobrir que se tratava de um louco equatoriano querendo se passar pelo brasileiro Belchior, desaparecido, sabe-se lá onde estará, em algum paradeiro desconhecido.”

Nessas alturas, o telefone tocou. Era Isabelita, de Buenos Aires. Contou-me que foi ao cinema e justo no finalzinho do filme, o homem sentado ao seu lado tascou-lhe um beijo. Assustada, ela gritou. As luzes se acenderam. Todo mundo olhou, pensando no pior. E se ele estiver com um revólver? Mas não. Ele é quem berrava: “Não atire agora não, se quiser me matar, deixe pra depois da canção.”

Era Belchior!