LIVRE-SE DO PESO QUE NÃO LHE PERTENCE

Vi minha mãe triste e inquieta. Rugas na testa de preocupação.

- Então, o que está havendo?
E ela com o cenho franzido me diz:
- Está acontecendo tanta coisa, que me preocupo muito.

Então falei calmamente:
- Sei qual é o seu problema  - é tornar seus os problemas dos outros.

A amiga não está bem, mas não aceita conselhos.
Uma  outra está com problemas pessoais, mas você não pode resolvê-los.
O amigo perdeu o emprego, aconselhe-o a não desanimar.

O marido dela tem Alzheimer.
Lida com ele, dia após dia, sozinha.

Eu perguntei então:
- Você acha que seus problemas são poucos e resolveu fazer sopa de problemas.

Vou contar uma história:
- De tanto levar pré-ocupações que não me pertenciam eu tive um esgotamento mental e neurológico que me levaram a um ano de tratamento psiquiátrico e tres anos de tratamento psicológico.
 
Eu sabia de cor nomes, endereços e telefones de todas as pessoas com quem lidava no trabalho. E os colegas já nem se importavam em consultar a agenda minuciosa que eu tinha feito. Eles simplesmente me ligavam para perguntar sobre algo que estava ao alcance das mãos. Aquilo me irritava, mas não dizia nada.
 
Amigos e familiares me procuravam sempre para contar seus problemas, mas na hora dos meus problemas, poucos estavam dispostos a ouvir. Uns até faziam pouco caso. Sim, porque de médico, louco e psicólogo todos nós temos um pouco.

Minha estafa mental passou para o corpo físico, surgiu a hipertensão, que aliás, cuidava à francesa. Na verdade, só quando a pressão subia eu tomava remédio.

Hoje, aos 62 anos, se não me cuidar, caio durinha.
Precisei de 60 anos para lembrar de mim, Colocar-me em primeiro plano.

Hoje os filhos me ligam e quando dizem estou com um problema assim, ou assado, eu digo: - um minuto.

Penso na resposta e mando ver.

Minha mãe me diz:
- Minha filha você falou assim com ele ou ela?
 
Máe são maiores, vacinados e fizeram suas escolhas, que muitas vezes só me comunicaram depois. É hora deles assumirem também as responsabilidades.

Então, minha mãe, um conselho de filha e amiga:
- Largue o piano de cauda.
- Livre-se desse fardo.

Entenda que o problema dos outros são deles, não seus.

Eu vejo sua luta de todo dia.

-Eu te pergunto:
Quantas vezes e quantas pessoas vem aqui, passar um dia inteiro com seu marido para que você possa descansar?

Com excessão de seu filho, podemos contar nos dedos de uma mão?

Livre-se do fardo que não lhe pertence.

Deixe para trás o piano de cauda.
 
Procure ler, ouvir música, distrair a mente, faça um curso online sobre algo que goste.

- Eu não tenho tempo. Responde imediatamente.

Ah, vai ter que se esforçar mais!

Pense nisso mamãe. Eu quero o seu bem!

 
Maria de Fatima Delfina de Moraes
Enviado por Maria de Fatima Delfina de Moraes em 29/07/2020
Reeditado em 29/07/2020
Código do texto: T7020506
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