Palavras Criam Asas

Pouco tempo atrás escrevendo o soneto "Versificando Palavras", senti um desejo ainda maior de explanar sobre palavras. Então tive a ideia de escrever esta crônica que me proporciona um farto espaço literário para deleitar-me sobre o tema.

Palavras estão na vida, em despedidas, num relance de horas, no choro de outrora, sempre que precisam ser ditas, por vezes sem motivo aparente para serem pronunciadas, palavras são elos, fios da meada.

Fluidas ou interrompidas é sempre aquele tracejo de ideias conjugadas por letras que define muito do que se quer dizer, e quando postas de forma torta, definem nada do que se pensa.

Elas são mesmo a porta de entrada ou saída de muitos emaranhados, ditas em muitas línguas e intencionadas sempre, desafiam a própria história com suas tantas classificações e modos de falar, sim, assim pode-se perceber como tais, os múltiplos sotaques que instigam a relação da gramática com os costumes populares.

E por falar nisso, essa ferramenta prazerosa de comunicar, escrever e falar parece que pressente também a necessidade de articular com diversos grupos sociais, daí se abrem asas e a livre expressão passeia nas gírias, nas figuras de linguagem, nos signos, nos dialetos e criamos a cultura de constituir particularidades no círculo das palavras.

Como alimenta o ego das pessoas ter algo seu! É fantástica a ideia de possuir, imaginar chamando o pensamento aos ouvidos dizendo: a palavra é minha, a fala também, eu quero dizer agora, lentamente ou de uma só vez, eu digo cantando, falo sonhando, penso que estou dizendo, me sirvo de todo esse banquete e porque não ser autor de um argumento?!

Acho até que foi voando que escrevi “Versificando Palavras”, palavras se desprendem, elas se fortalecem quando impostas sem censura, e dizem até quando estão oprimidas pelo medo, porque simplesmente a sensibilidade aflora e as palavras por meio da expressão se tornam íntimas dos nossos sentimentos.

Não é muito difícil prever que alguém quer chorar, se sente triste, feliz, ansioso, amedrontado, emocionado, atento e até esteja mentindo mesmo calado. Nesses momentos pode a fala travar, os olhos marejar ou fugir do foco, as mãos tremerem e o corpo nem sempre consistir em se firmar.

Delas quero ser sempre amiga, seja falando, escrevendo ou imaginando. Sinto-me completamente esvoaçante quando interpreto-as, quando destaco-as num texto, quando danço com elas e por elas, palavras são vidas e vidas são interessantes quando possuem amor e felicidade.

Confesso que já fiz muito usufruto, mas que de tanto fazer, tornou-se um hábito comum e permanente, tanto que hoje permito-as voar para perto ou longe não importa, a essência das palavras é expressar e isso estimula as mentes e os corações a sentirem algo.

Surpreendi-me quando achei que não conseguiria me inspirar diante de um teclado, e olha eu aqui encostando por instantes lápis e papel e trocando a borracha pela tecla Delete, e tudo porque a palavra não cessa de querer se manifestar e me guiar pelos diversos caminhos.

Hoje viajo com elas pelas trilhas do aprendizado, do compartilhamento, da descoberta, das cifras e rimas que me rodeiam. Instintivamente até meus números eu transformo em palavras no intuito de quantificar e qualificar melhor os meus valores.

Ainda aprendendo, posso dizer que muito devo a elas, oportunidades, superação, firmamento... mas de tudo, tê-las e usá-las com resiliência e responsabilidade são fundamentais para me manter íntegra, porque palavras também podem ferir, atormentar, exilar, destruir.

Portanto, sigo com elas, me engajando nas infinitas possibilidades dessa causa distinta, mas sem esquecer de respeitar os ideais alheios e em paralelo meus princípios, palavras são naturezas designadas a nascer e as minhas insistem em voar ganhando novas dimensões, por isso dedico-me e deixo-as para serem instauradas aqui e em outros fóruns.

CarlaBezerra

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INTERAÇÕES

Poeta Jacó Filho muitíssimo obrigada pelos belos versos:

Talvez por ser feminina,

A palavra nos seduz,

Pondo ou tirando luz,

Com a força que fulmina...(30/07/2020)

Divina Flor
Enviado por Divina Flor em 29/07/2020
Reeditado em 01/08/2020
Código do texto: T7020494
Classificação de conteúdo: seguro
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