Ando meio Taylor Swift nos seus mais famosos singles: dando conta da própria vida pra esperar o inverno passar, com máscara na face e venda nos olhos. Uma avalanche de desastres sobre o mundo e a humanidade anestesiada pela picada da mosca hospedeira das paixões ideológicas, sem razões para sair do coma intelecto-estrutural. Não fosse o amor dos meus vizinhos, em Bodas de Ouro, a vida seria mais densa. São feitos estações do ano em transição planetária: enquanto um faz a volta em torno de si, o outro vive de distâncias, levando mais tempo pra seus percursos. Seus invernos são intensos, cheios de chamego e esperança. No verão, a versão avançada da programação apresenta defeitos de fábrica e lá vão eles aprender a lidar com suas explosões e implosões. Sabedoria reside na frase de um deles: - Sopa de letras em dias quentes causam queimaduras de terceiro grau.” Errado não está, falar demais quando o outro não quer ouvir é como colocar álcool em fogo aceso: se não explode, aumenta a chama e o poder de destruição. Nas primaveras, saltam flores aos olhos, em gestos sublimes de amor traduzidos em toques sobre os cabelos acinzentados. Será que haverá um amor assim? Na era dos emojis é loteria premiada: amansar o tempo do outro requer domínio das feras interiores. Outono de folhas caídas, levadas pelo vento terno e reconstruídas na lida: traços de amor sabotam até desânimo visceral. Para o amor construído em punhos, doses diárias de chuva leve são suficientes para acalmar uma mente que sofre de empatia. Quem sabe uma sopa de letras em dias frios? Ainda bem que as janelas ficam sempre abertas...
Mônica Cordeiro
Enviado por Mônica Cordeiro em 28/07/2020
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