Ema ema ema cada um com seus pobrema
No Brasil, repórteres podem ser brindados com cenas curiosas. Uma delas: o presidente da República correndo atrás de uma ema, oferecendo uma caixa de cloroquina. Sim, a maior ave brasileira ignorou a oferta, deu as costas e saiu andando.
Seria ela uma ema não bolsonarista -ou uma ema tucana-, ou por apenas ser mais uma a duvidar dos efeitos positivos de um medicamento sem comprovação cientifica não aquiesceu à insistente recomendação?
As aves do Palácio da Alvorada estão saudáveis, e a covid-19 não é uma gripe aviária. Ainda bem que o pobre animal não devorou o produto, porque, como o nosso presidente não tem freio, tenho receio de como isso acabaria. Talvez CPI, impeachment ou multa do IBAMA por maus-tratos com animais.
1 gota 50 mil cavalos
A pandemia abriu um novo nicho na guerra de narrativas. Profilaxia e remédios, bem como o vírus, foram politizados: o que era dito, era prontamente desautorizado, ou indicado, de acordo com as conveniências. A hidroxicloroquina tem sido negligenciada -em prejuízo das vítimas- porque foi indicada pela pessoa errada. Mais recentemente, a corrida é pela descoberta da vacina para a covid-19. China, Oxford, Pfizer, vários países/laboratórios, quem vencerá a corrida?
Nos meus incansáveis estudos, e minhas ininterruptas experiências no Laboratório Infantil da Estrela, consegui descobrir a eficácia do tônico do Pica-Pau na aplicação em estágios críticos da doença (novo coronavírus).
Posologia: 1 gota 50 mil cavalos. Esse tônico milagroso deve ser tomado quando o paciente não reunir forças sequer para retirar o dentifrício do tubo. Tem mais uma grandiosa vantagem: o infalível fármaco não foi indicado pelos “genocidas” e odiosos Donald Trump e Jair Bolsonaro. Além disso, essa maravilhosa poção tem sua eficácia comprovada pelos mais rigorosos testes científicos e sua infalibilidade registrada nas mais conceituadas e respeitadas publicações científicas.
Em breve, você terá uma opção segura com o aval da “irrefutável” Ciência, OMS, publicações científicas, médicos infectologistas, políticos brasileiros da oposição e “centrão (incluindo o Mandetta) e as Organizações Globo. Agora, ninguém mais precisará deixar um parente morrer porque o remédio é de direita.
Fique tranquilo: essa beberagem terá a aprovação de The Lancet, especialistas epidemiológicos da Imperial College of London, Tedros Adhanom (Organização Mundial da Saúde), Luiz Henrique Mandetta, Atila Iamarino e grande elenco.
Eu ainda estou esperando um consenso da tal “comunidade científica” sobre o consumo de alguns alimentos. Enquanto não for publicado algum artigo confiável, em alguma revista científica, consumirei sem saber se faz bem ou mal: ovo, café e chocolate.
Importante: se persistirem os sintomas, um médico (não bolsonarista) deverá ser consultado.