Eu conheci o amor como um bicho feroz.

Eu conheci o amor como um bicho feroz que comia meu fôlego. Se alimentava das minhas insônias e reinvidicava minha saudade. O amor era um bicho feroz que arranhava meu estômago por dentro e fazia minhas mãos tremerem. Me espreitava de uma forma que me causava arritmia, e meu coração batia freneticamente num ritmo que eu não estava acostumada. O amor se nutria de todos os meus sentimentos. sugou minha alegria e meu medo. Sugou minha culpa, minha esperança, meu ciúme e minha frustração. Ele comeu minha compaixão e a minha hostilidade. O amor engordou tanto que se tornou um bicho gigante, não cabia em mais nenhum compartimento. arrebentou as vidraças das janelas e arrombou a porta, o amor era tão grande que já não cabia mais em mim. Até que um dia o amor rugiu tão alto que tudo ficou em silêncio. O rugido era de dor, e o amor choramingou como um animalzinho indefeso. E eu percebi que o amor estava ferido. O amor estava com medo. E como qualquer animal ferido e com medo, o amor atacou. O amor arranhou os papéis de parede e os rasgou por inteiro. O amor destruiu todas as vigas e todos os tijolos, o amor mordeu meu peito e arrancou meu coração fora. O amor pôs a casa abaixo e rosnou com fúria refletida naqueles olhos selvagens. O amor fugiu correndo mancando duma pata e ainda me transmitiu raiva. O amor não tinha tomado vacina. Ele ainda era um filhote.

Vanessa Gomes voarias
Enviado por Vanessa Gomes voarias em 25/07/2020
Código do texto: T7016778
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