Humanizou-se temporariamente

Estou deixando o tempo me empurrar para a vida

Me assustando com o despertar do relógio

E deixando o sétimo minuto chamar todos os outros a arrancar-me da cama

A primeira hora abrir-me os olhos

E me alegrando por segundos quando me recordo do único tempo que falavas comigo e ao partir, caia novamente no abismo

Deixando apenas o tempo me empurrar, me assustar, me fazer feliz

Queria eles, que eu vivesse esperando-o

Para arrancar-me alguma emoção

Por sua sede de sentir o que se é próprio

Para cada um

Eis que o tempo virou meu escravo. Brincou tanto comigo que não viu meu calejar ir brotando da sola dos pés, que tanto perambulou até os fios dos cabelos que embranqueceram

Agora, o tempo assusta consigo mesmo

Embebeda-se com sua própria maldade

E tenta me reerguer e me acalmar feito uma criança aos prantos

O tempo agora sofre de insônia, solidão, dissabor e acha todo o resto um tanto faz

Humanizou-se.

Adriane Neves
Enviado por Adriane Neves em 25/07/2020
Código do texto: T7016156
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