Humanizou-se temporariamente
Estou deixando o tempo me empurrar para a vida
Me assustando com o despertar do relógio
E deixando o sétimo minuto chamar todos os outros a arrancar-me da cama
A primeira hora abrir-me os olhos
E me alegrando por segundos quando me recordo do único tempo que falavas comigo e ao partir, caia novamente no abismo
Deixando apenas o tempo me empurrar, me assustar, me fazer feliz
Queria eles, que eu vivesse esperando-o
Para arrancar-me alguma emoção
Por sua sede de sentir o que se é próprio
Para cada um
Eis que o tempo virou meu escravo. Brincou tanto comigo que não viu meu calejar ir brotando da sola dos pés, que tanto perambulou até os fios dos cabelos que embranqueceram
Agora, o tempo assusta consigo mesmo
Embebeda-se com sua própria maldade
E tenta me reerguer e me acalmar feito uma criança aos prantos
O tempo agora sofre de insônia, solidão, dissabor e acha todo o resto um tanto faz
Humanizou-se.