NÃO QUERO VIAJAR COM DESTINO CERTO
Estou cansado da pandemia, de ficar mascarado, se ainda fosse como o zorro, o herói mascarado da Walt Disney, nada mal, todos me “conheceriam” diante a sutileza da máscara, os cumprimentos dar-se-iam a primeira vista e não tempo depois, quando só somos conhecidos por outros predicados. Como falei, estou cansado de quarentena, desejo que tudo isto termine logo. Terminando, sobrando uns trocados, o que não acredito possa vir a acontecer, quero viajar. Minha viagem será sem destino certo, quero ir ao incerto. Vou sem GPS, não quero nada que me indique a direção, vou seguir a mercê do vento, pouco importa se é para o oriente ou ocidente. Se meu barco enfrentar fortes tempestades, grandes ondas ou ventos bravios, desde que não afunde e continue navegando, estará tudo bem. Se tiver calmaria por vários dias, também não me preocupo, aproveito para me bronzear na proa e ainda aproveito a brisa do mar. Se o barco aportar em uma ilha qualquer, ali mesmo acampo, tendo água de coco e luar para apreciar, também tudo bem. Se eventualmente lá tiver alguma casa, quero bater a porta sem saber quem está do outro lado, quero ter a surpresa se abrirá e quem surgirá. Como se percebe, desejo aventura.
Quero viajar, e uma vez viajando, só volto sob uma condição, se bater a saudade, pois saudade não tem idade. Neste caso, sinceramente, com muita fé vou olhar para o céu e, como os reis magos, vou seguir a estrela que indica a direção do retorno. Tenho certeza que com ela volto bem e rápido, ainda deixarei de ser do meu jeito para seguir o jeito Daquele da estrela. Desculpem! Confesso! Está na hora de parar porque por hoje, em plena quarentena, já viajei demais. Aliás, falando em confesso, eu confesso que não desejo dar desgosto, por isto logo digo de uma vez: o melhor mesmo é nem viajar, é ficar em endereço certo e fugir do incerto, sorrir para não chorar, pois já estou com saudades do que para mim é certo amar demais, a quem nem às paredes confesso.