O Sótão
A pandemia do Coronavírus foi uma ótima desculpa para deixar-me sedentária e gorda. Fiz uma foto usando um chapéu texano e um amigo perguntou -me se eu gostava de montar cavalos. Eu lhe respondi: se o cavalo fizer como o camelo, eu monto (risos...)
Bem, resolvi criar coragem e caminhar, além de fazer uma dieta para emagrecer. E numa caminhada dessas, eu olhei pra uma casa que acho muito bonita. E diferente. Ela tem sótão, coisa rara na arquitetura do centro-oeste mineiro. Acho que os sótãos são bastante comuns nos Estados Unidos da América. Vi muito sótão em filmes americanos. Só - tão... Tão só... Gosto de brincar com as palavras e com meus sentimentos , cada dia mais juvenis. Mas, sobre o sótão, pensei: se tivesse um em casa, o que guardaria nele? Acho que faria dele meu quarto, lá em cima, pertinho da lua e das estrelas... ou guardaria todos os meus sonhos e desejos. Sonhos irrealizáveis e indizíveis... Que nada, os sonhos só são sonhos até ganharem vida, ora! No meu sótão não cabe pessimismo, não! Cabe cor, calor, palavras, canção, fé, Deus... Daí foi inevitável pensar no porão... os porões das casas-sedes de fazendas antigas guardavam vida. Vida de escravo. Mas aquilo era vida? Acho que guardavam mortos-vivos... Que tristeza! Se tivesse um porão, na minha casa, o que eu guardaria lá? Sobras, sombras, pesadelos, fantasmas, medos, desatinos. Deixava tudo que é ruim ficar soterrado lá... e subiria as escadas para a casa livre e leve, quase flutuando...Iria pro sótão conversar com as estrelas... Tão só na minha solidão pensante...